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Relato de viagem

Do Litoral de Guarujá-SP até Fortaleza-PE

REVISTA MOTOSHOW Nº.22 DEZEMBRO

DO LITORAL

DE GUARUJÁ ATÉ FORTALEZA

UMA BOA OPÇÃO DE FÉRIAS

 

 

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O Homem de Um Milhão de Quilômetros

Para João Gonçalves Filho, o conhecidíssimo Gau, não há uma última viagem. "Minha última viagem vai ser pro inferno. E eu não vou por vontade própria só se alguém me levar." Brinca. Aos 57 anos e com mais de um milhão de quilômetros rodados, Gau, sempre planeja a próxima aventura. "Agora vou partir de Portugal, cruzar a Europa até a Rússia e depois vou para a China". Isso porque há dois anos, ele voltou de seu maior desafio, o projeto Alasca-Ushuaia-Alasca. Percorreu mais de 75.000 km da Terra Del fuego, no sul da Argentina até Prudhoe Bay, no Alasca, ida e volta. Mas atualmente Gau está sem moto. "Se eu tenho moto já quero viajar. Não adianta. Não estaria em casa agora".Revela o pai de seis filhos – quatro filhas do primeiro casamento, e dois jovens meninos do segundo matrimônio Amor à primeira vista Desde que pilotou uma vespa, aos 16 anos, Gau apaixonou-se por motos."Quando jovem eu já planejava viajar de moto pelo mundo. Sempre fui uma pessoa inquieta". Nascido em Palhoça, Santa Catarina, onde reside hoje, passou grande parte da vida buscando novos desafios. Com isso entrou para a Marinha Brasileira. "Tinha vontade de ser pára-quedista". Serviu em Manaus e ficou por lá. Segundo ele, a capital amazonense era um dos melhores lugares do mundo para se trabalhar na época. Lá casou e teve quatro filhas. E também começou a sua história de aventureiro. Inquieto como sempre, Gau queria voltar para o Sul do País. Recebeu uma proposta para trabalhar em Porto Alegre (RS). Vendeu tudo e foi, de moto! A família seguiu de avião. Pelo interior do Brasil percorreu a distância entre Manaus e Porto Alegre com uma enorme AMF/Harley-Davidson 1200 em 1976. Nas páginas da revista A experiência no Rio Grande do Sul não deu certo. Toca Gau voltar para Manaus com sua família.Novamente ele fez o trajeto de moto.Mas antes passou em São Paulo para conhecer a redação da Revista DUAS RODAS que estava nos primeiros números e ainda no segundo ano de existência. "Já lia a revista, pois foi a primeira publicação voltada para o motociclismo". Relembra Gau. Começava também seu papel de colaborador de DUAS RODAS. Sua viagem de volta a Manaus foi uma verdadeira aventura com direito a registro no Guiness Book e tudo: primeiro motociclista a cruzar a Rodovia Transamazônica. "Escrevi uma grande reportagem sobre a aventura pela selva para as DUAS RODAS. Fiquei 16 anos sem dar notícias a ninguém. Pensavam que eu tinha morrido" orgulha-se ao falar de sua primeira aventura.E não é por menos: foram 23.285km rodados ida e volta a Manaus Vírus Desde então não parou mais de viajar e de aparecer nas páginas da revista com suas aventuras. "Fui três vezes de moto a Manaus, cinco vezes a Fortaleza (CE) três vezes ao Ushuaia, na Argentina..." enumera Gau suas aventuras sem fim. Ao todo já rodou, calcula ele, pouco mais de um milhão de quilômetros. Mais de 250 mil foram relatados nas páginas da revista."  Já rodou de moto todos os países continentais da América, exceto a Bolívia. "E também não passei na República Dominicana, porque é uma ilha, mas já rodei de moto em Cuba" brinca Gau viajou também na Europa, na África. Sempre sozinho. "Também onde você vai arrumar um louco e com dinheiro para bancar a viagem?" Pergunta. Quando questionado porque viaja tanto, ele responde sem hesitar: "não sei porque, só sei que viajo!". Difícil de acreditar que alguém coleciona mais de um milhão de quilômetros sobre uma motocicleta rodando sob sol ou chuva por nada. Mas ele tem um estilo próprio de viajar. Chega a rodar mais de 800km parando apenas para abastecer.Um ritmo alucinante que talvez explique porque ele sempre viaja sozinho.Com um pouco de esforço, Gau consegue achar um motivo."Quando, no final do dia, olho para trás e vejo que estou longe de onde estava de manhã. É isso que me satisfaz, é isso que faz ir em frente". Então, continue sempre em frente Gau, ainda há milhares e milhares de quilômetros a serem deixados para trás.

(Diário) de Florianópolis ao Alasca

MENU   30/04 à 03/05  - Florianópolis (SC) - Porto Alegre (RS)   03/05 à 16/05 -  Porto Alegre (RS) - Comodoro Rivadávia (Chile)   16/05 à 24/05 -  Comodoro Rivadavia (Chile) - Antofagasta (Norte do Chile)   24/05 à 26/05 - Antofagasta (Chile) - Arica (fronteira Chile/Peru)   26/05 à 03/06 - Arica (fronteira Chile/Peru) - Norte do Peru   03/06 à 11/06 - Norte do Peru - Cartagena (Colômbia)   11/06 à 22/06 - Cartagena (Colômbia) - Fronteira Panamá/Costa Rica   22/06 à 26/06 - Fronteira Panamá/Costa Rica - San Jose - Costa Rica   01/07 à 04/07 - San Jose - Costa Rica - Fronteira do México   04/07 à 18/07 - Fronteira México  -   Fronteira EUA   18/07 à 26/07 - EUA   26/07 à 01/08 - CANADÁ   01/08 à 07/08 - CANADÁ -    ALASCA - PRUDHOE BAY   07/08 à 09/08 - ALASCA - PRUDHOE BAY - CALGARY - CANADÁ   09/08 à 28/08 - CALGARY - CANADÁ   28/08 à 12/09 - Calgary - Canadá - Mata-Mouros -  MÉXICO   12/09 à 26/09 - Mata-Mouros - MÉXICO - PANAMÁ   27/09 À 12/10- PANAMÁ - MANAUS - AMAZONAS      30/04 e 02/05,  COMO SE PODE VER, A FESTA CONTINUA!!!           Das 18 hs a 23 hs do dia 30/04/2001 foi a nossa primeira festa de largada.O Box 32 nos patrocinou com grande quantidade de cerveja para confratenirzação com os nossos amigos motociclistas, que a ressaca só foi curada com a festa da Duaction. 03/05/2001 após uma  grande festa de saída realizada na Duaction na noite anterior,com muita cerveja, finalmente saímos.eram 10 horas da manhã,depois de consertar o pneu traseiro do João que deve ter furado com um caco de gelo dos wiskes da noite anterior. Nossa viagem foi tranqüila, mantendo uma média de 120 km/h. No primeiro abastecimento constatamos que as nossas motos consumiram muito, a DR fez 14 km/litro e a BMW fez 18 Km/litro.Ao chegarmos em Livramento fomos recepcionados pelos amigos da Trilha Motos(concessionária Suzuki), logo após fomos convidados para um suculento churrasco na casa do amigo Kamal. O lado ruim do dia ficou com a receita federal que não nos liberou as motos (exportação temporária) Retornaremos amanha para um novo chá de banco.    

03/05 à 16/05 -  Porto Alegre (RS) - Comodoro Rivadávia (Chile) Relato por Henrique 03/05 - 5ª Feira - Partimos de Poa p/Livramento até Paissandu e entramos na Argentina, na cidade de Colombo passamos por Buenos Aires e dormimos em Benito Juarez.  04/05 - 6ªFeira - Fomos a Bahia Blanca até Puerto Madri, após Comodoro, Rivadávia, onde acontece a extração de Petróleo, na beira da estrada, após fomos a Rio Galegos a San Sebastian, após entramos no Chile, pegamos a Balsa e atravessamos o Estreito de Magalhães indo até San Sebastian, indo até o Ushuaia e retornamos por Chile até Puerto Venir pegamos outra balsa até Punta Arenas no Chile indo até Puerto Natales.   16/05 à 24/05 -  Comodoro Rivadavia (Chile) - Antofagasta (Norte do Chile)  16/05 - 4ªFeira - Retornamos a Comodoro Rivadávia e vamos, hoje, a Puerto Aisen onde vamos pegar um barco e ir até Puerto Montt no Chile.  LUGARES LINDOS: PATAGÔNIA - onde existe uma fauna exuberante, sendo o pico alto Ushuaia, coberta de gelo. Puerto Natale no Chile, lugar de 120.000 Habitantes, onde existe a Zona Franca.  Em Puerto Natale há muitos turistas estrangeiros europeus, espanhóis, onde existem grandes blocos de gelo.  Andamos por estradas cobertas de gelo com um frio tão grande que a neblina da manhã com o vento ao contrário se transforma em gelo, deixando a parte da frente da moto coberta de gelo. Também passamos por estradas de lama, pedras soltas (Ripio) e estradas cobertas de gelo.  Abraços,  Henrique, Relato por João (Gau) Chegamos ao Ushuaya dia 10 de maio e fomos bater foto da placa que diz você chegou ao fim do mundo... Depois fomos ate Lapataia 25 km depois do Ushuaya...Lá tem outra placa que diz: aca se termiona a ruta 5... Depois disto e só água até o pólo sul... Saímos de Ushuaya logos nos primeiros kilometros havia gelo na pista... Quase entramos bem as motos  derraparam legal... Pouco depois estamos entrando no Chile PORVENIR... PUNTA ARENAS e fomos até PORTO NATALE... Chegamos nesta cidade de 3.000 habitantes com as viseiras dos capacetes congelados, os meus óculos idem...Fomos os últimos 30 kilometros com as viseiras levantadas e a 40 por hora...A moto do Henrique congelou os retrovisores...Entramos num restaurante e só saímos dali depois de 3 horas quando os corpos recuperam o calor perdido... Dia seguinte fomos para CALAFATE - ARGENTINA... Depois de uma hora no ripio (estrada de chão) o frio chegou em forma de neve todo o campo e as estradas estavam cobertas de neve foi bonito de ver mais foi feio de sentir o frio... Ainda bem que as roupas da Moto Point do BERNARDO segurou o Tranco... A 20 km de CALAFATE a coisa engrossou o caldo, este trecho de asfalto se formou uma tempestade de neve  que congelou todo asfalto...Tivemos que dar uma volta de mais de 500 km para entrar no Chile de novo... Saímos de PORTO AISEM... daí fomos até Puerto Mont... Em Santiago trocamos o pneu do Henrique que durou só 6.000 km...O ripio come todo o pneu... Hoje estamos em ANTOFAGASTA, onde tive que trocar toda a relação corrente, pinhão, etc da minha moto... A corrente durou 25.000 km. Hoje, ao chegarmos em ANTOFAGASTA, às motos atingiram os primeiros 10.000 km. De Florianópolis (Palhoça) ate o Ushuaya  tem exatamente 5.006 km, a minha moto fez 18/km por litro e a do Henrique 14 km/litro. As duas motos estão suportando bem o frio e as estradas de ripio... O Chile tem as melhores estradas da América do sul... UM AVISO A TODOS, QUALQUER MOTO PODE VIR ATÉ O USHUAYA, POIS SÓ TEM UNS 200 KM DE RIPIO Há 15 ANOS ATRÁS ERAM 2.000KM... Portanto de uma CG a uma GOLD WIND  já pode vir ate o Ushuaya  sem problema a estrada até lá é muito boa. Um abraço e até breve, João (Gau) Relato por João (gau)             Saímos de Antofogasta a tarde, (no Chile nesta época anoitece mais cedo por volta das 18 h normalmente no Chile anoitece depois das 20 h). Como todo bom brasileiro, deixamos de abastecer nos postos da cidade e não tinha postos fora  (na saída)  da cidade, pasmem!  Ficamos sem gasolina depois de rodar apenas 60 Km é mole ou quer mais? A NOITE CHEGOU E A COISA FICOU PRETA...  a minha moto ainda conseguiu chegar a uma cidade, abasteci e fui buscar o Henrique... dormimos naquela cidadezinha e pela manhã fomos para Arequipa. Chegamos em Arequipa para procurar pneu, pois era a minha vez de trocar o Henrique já havia trocado em Santiago e o meu com mais de 10.000 km já estava na hora! só que o comércio no norte do Chile fecha as 12 e abre as 16 h (é a famosa ciesta, tradição nos paises hispânicos). Tocamos e chegamos em Arica na fronteira com Peru. Saímos de manhã cedo e fomos rumo ao Peru, rodamos 40 km e paramos um carro no alto de uma montanha a mais de 2.000 metros,  o Henrique pergunta aos caras: AMIGO a fronteira é quantos km? 200, responde o Sr. rodamos mais 100 km e vimos que estávamos indo no rumo da fronteira da Bolívia... (o senhor falou certo, a gente é que não perguntou pela fronteira certa!)  Voltamos ao mesmo posto e abastecemos novamente, pois rodamos 240 km de puro turismo, chegamos na fronteira do Peru às 14 horas, depois de meia hora de pura burocracia estávamos dentro do Peru, só um papel levou seis carimbos (se no Brasil as coisas já são “burrocratizadas” imaginem no Peru!), mas foram muitos atenciosos conosco, eles gostam de ver gente viajando de moto, isso é o sonho de tanta gente! A liberdade... Hoje, dia 26 estamos indo Peru adentro... agora em território Peruano, todo cuidado será pouco pois as coisas aqui às vezes acabam em “bala”, passaremos por estradas que são controladas pelo “cendero luminoso” grupo revolucionário dominante no Peru, que Deus nos acompanhe! Um abraço, até breve, Gau ONDE ESTÁ O HENRIQUE?!!! (RELATO POR GAU)  

Entramos no Peru dia 26/5/2001 na Fronteira deles com o Chile não deu para acreditar, eles foram muito gentis, depois de 6 carimbos em cada papel saimos dali em menos de meia hora. Rodamos 180 km e paramos para dormir pois a proxima cidade ficava a 4 horas de viagem (PUNO) Chegamos nesta cidade as 16 horas, levamos 8 horas para fazer 380 km. Eu cheguei nesta cidade passando mal... o mal das altura me pegou de tal forma que fiquei dois dias no chá de coca... todo o hotel tem e eles vendem a folha da coca na rua e nos mercados ... para chegar em PUNO passamos por 4.740 metros de altura.... o pior é que chegamos nesta altura muito rapido.... A moto do Henrique falhou um pouco, mas fomos embora... Em Cuzco fomos conhecer Machu Pichu .A COISA REALMENTE E UMA MARAVILHA...... .levei o capacete comigo já que a moto não pode ir..... Ficamos dois dias em Cuzco...fomos direto a Nazca.. .a cidade famosa pelos desenhos no deserto.. .ninguem sabe até hoje como foram feitos e para que servem já que só podem ser visto de avião...não sei onde arrumei coragem e subi num teco teco e fui fotografar as LINHAS DE NAZCA... Saimos de NAZCA dia 2/06/2001 depois de rodarmos 230 km e almoçarmos o Henrique saiu na frente, ou melhor ele sempre andou na frente, pois eu ainda sou braço duro para as curvas....só que cheguei a 50 km de Lima e parei em um pedágio fiquei lá uma hora e escureceu. Fui até o proximo pedágio mais 40km e nada do Henrique!!! Nos dois pedagios me informaram que não passou nem uma moto igual a minha Fui ao Bairro de Miraflores procurar um grupo famoso de motos de Harley Davison, pois um advogado na estrada tinha dado o telefone para o Henrique e ele ia nos apresentar este grupo de moto que é famoso em Lima Não achei o Henrique.... já estou a 600 km ao Norte de Lima e nada de noticia do Henrique a Policia não tinha nenhuma informação de acidente naqueles 200 km... ele nao ligou para minha mulher dizendo onde estava.. a minha agenda eletronica acabou as pilhas a mulher do Henrique não ligou para a minha se ele estiver fazendo algo com as Peruanas......eu vou dar um Peru bem grande para ele pois estou muito preocupado com ele Hoje é dia 3/06/01 são 20 horas e a duas noite que não tenho noticias da bicha velha... Por incrivel que pareça até agora a policia nao pediu uma unica vez documentos para nós ...o Peruano foi o povo que melhor nos tratou... Aqui tudo é Barato em relação ao Chile e Argentina.... a Policia nos parou umas 5 vezes só para conversar e não pediu documento ou dinheiro...... VIVA O PERU... A policia tem os melhores carros das Americas, tudo Toyota Land Cruiser e Pathfinder Em Lima eles tem Nissan Patrol só eles e o Japão usam estes carros graças aos convênios milionários do Tio Fugimoro com os HERMANOS japoneses.....cansei os dedos de catar milho ate mais....... ONDE ESTARÁ HENRIQUE?!!!

03/06 à 11/06 - Norte do Peru - Cartagena (Colômbia) APARECEU O HENRIQUE! (Relato do Gau) Quanto à viagem eu tenho duas notícias uma boa e outra ruim... A ruim e que o Henrique desistiu da viagem em Lima  no Peru... Os negócios dele em Porto Alegre  começaram a andar para trás e o mesmo teve  que ir para Porto Alegre... Ele tinha uma audiência dia 19/06... De um apartamento que ele vendeu e a mulher o pagou com um cheque sem fundo... Antes de nós nos perder a mais de cinco dias que ele vinha falando em abandonar a viagem só que ele sempre falou em ir o mais longe possível... Com o amigo que arrumamos no Peru, um advogado que ia nos apresentar em Lima o pessoal das harleys, eu acho que ele aproveitou que estava no meio de amigos e resolveu ali mesmo desistir da viagem e uma grande perda para mim, pois contavam com o Henrique para esta viagem especialmente para atravessar os  Estados Unidos e Canadá,  pois não falo duas palavras de inglês alem de coca-cola e hot dog, agora no mínimo, terei que aprender mais umas 10 palavras mais que isto, é aprender inglês! mais não vai ser nada, os meus anjos da guarda vão dar um jeito e senão derem, quero que o mundo se exploda! que com inglês ou sem, eu vou chegar no Alasca nem que eu  tenha que fazer um curso de inglês pelo caminho. Henrique você fica me devendo essa! Pensando melhor acho que não... tava na hora de fazer um teste do meu inglês. Henrique, você foi um bom companheiro de viagem, tocava bem e sempre via as curvas melhor do que eu... andava sempre na frente. No início fiquei chateado com o Henrique por ter desistido sem pelo menos ter apertado a minha mão, mas de certa forma eu o entendo, não se sentiria muito à vontade para me dizer que estaria voltando, mas como viajamos tanto tempo junto e brigamos somente uma vez e por causa do Brizola, o velho político, que você adora e eu detesto naquela noite foi muito engraçado... Hoje é engraçado... pois naquela noite pareceu que no dia seguinte não íamos mais viajar juntos... Mais pela manhã parecia que nada tinha acontecido....             Amigo Henrique, sinto falta do apoio que um dava ao outra agora a coisa ficou preta a minha moto ficará muitas vezes  exposta a roubos,  pois tenho que fazer as coisas só, entrar em hotéis, etc... Espero que tenhas chegado ao Brasil e estejas dormindo na tua cama, pois nós falávamos que as nossas camas seriam as melhores do mundo a minha cama ainda vai ter que me esperar por mais alguns meses... mas sei que quando botar a cabeça no meu travesseiro alto e macio vou poder  começar a sonhar com outra grande viagem... pois se Deus quiser o Alaska  já vai estar no passado  e o sono virá em forma de um sorriso...     Amigo Henrique se nesta vida nós não viajarmos novamente em uma outra grande viagem... com certeza no céu não vão nos deixar andar de moto... pois as motos são muito pecadoras e se formos para o inferno o diabo com certeza vai ficar com as nossas motos para ele... Na minha idade A COISA VAI FICAR DICÍFIL PARA TENTAR OUTRA DESTA... VOCÊ E MAIS JOVEM PODEM TENTAR NOVAMENTE                A segunda noticia e que já estou em Cartagena na Colômbia cheguei sábado dia  09/06   A viagem que fiz dentro do Brasil como sendo a maior viagem de moto no Brasil... e quando atravessei a Porto Velho – Manaus,  achei que aquilo que era coragem e perigo... agora vejo que a Porto Velho - Manaus foi um passeio no parque em relação ao atravessar a Colômbia... pois atravessei zona de guerrilha ...Farcs  Para-militares... assaltos à mão armada as farcs tomam o que querem e o que não querem tocam fogo... fora os seqüestros de 5.000 dólares e de 10,000... a ordem de todos era rodar só ate às 5 da tarde e não sair do hotel até o dia seguinte até às 7 horas da manhã ou em algum lugar depois das oito eu não entendia direito como o povo pode viver assim tinha dia que mal fazia uma refeição... pois o medo e a mãe de todos os males... um médico que ficou meu amigo ligou para as cidades a frente para ver como andava as coisas os jornais aqui só falam em seqüestro... roubo de  veiculo pela farcs ... uniformes camuflados que foram descobertos indo para o exército guerrilheiro... pois no fim você acaba não sabendo quem é o mocinho e o bandido o povo aqui é o que está mais fu... da América do sul... quando entrei na Colômbia gritei dentro do meu capacete estou em casa sinto o cheiro de café fresco... estrada boa e mulher bonita isto aqui se parece muito com o nordeste tem muita morena da bunda grande  e mulheres morenas bonitas... só que aqui Deus sacaneou com os mais afoitos tem tudo menos segurança e segurança é manter a cabeça no lugar... Do Equador só posso falar o seguinte  FOI BOM NÃO FOI... passei o Equador em menos de 28 horas pois queria resolver logo o caso da Colômbia que tinham e tem me falado tão mal que me deu um estado de nervo tão grande que entrei na Colômbia sabendo que ia ter problemas grandes... graças as meu anjo da guarda eu não vi nada não me incomodaram e muito menos me pediram dinheiro numa das 50  ou 60 blitz em que eu passei e que só me pediram o documento da moto... só da moto o meu não e me desejaram  uma boa viagem...   Na fronteira do Equador com a Colômbia não tive nenhum problema, as pessoas foram muito gentis e rápidas, só no Equador que tive que tirar xerox do passaporte e documento da moto esta operação não levou 10 minutos... Amanhã é domingo (10/06) e vou tirar para descansar pois vou ter que reencontrar o meu espírito, que  passado o medo, sumiu do corpo, estou que é só adrenalina pura... estou mais elétrico que tomada de 220 volts... a coisa não é fácil, o povo fala tão mal da segurança e te recomenda tanto cuidado etc, que você acaba  ficando em pé de guerra... qualquer pessoa que chegava perto de mim eu mordia... no bom sentido... qualquer carro que ficava viajando atrás de mim era motivo para eu voltar para trás nas curvas como os carros não voltavam atrás de mim eu voltava ao rumo norte novamente... é um terrorismo mental e desgastante, tão cedo ou nunca mais quero passar na Colômbia novamente, pena que tem um povo bom e alegre muito parecido com o Brasileiro...           Henrique, um pretendente a futuro genro meu falou que  A MELHOR COISA DA VIDA É PARTIR PARA O PRÓXIMO DESTINO... Peço a Deus que não seja a Colômbia... Amanhã dia 12/06, vou para o Panamá de Barco num pau velho que eu não acredito que continuo calmo... depois da Colômbia o velho barco deve navegar com um barco viking... explorando o mundo atrás de novos destinos... boa noite... O meu espírito voltou cheio de razão dizendo que ele só saiu para dar uma volta que ele vai comigo até o fim... pois ele quer ver o Alaska aos nossos pés...           Um abraço a todos e até breve!  Gau Panamá, Que Beleza!!!  Que Eficiência!!! 

11/06 à 22/06 - Cartagena (Colômbia) - Fronteira Panamá/Costa Rica Sai de Cartagena dia 11/06 às 9 horas da manhã num pau velho de um barco que depois o mesmo me surpreendeu... pois tinha um motor possante o rasgava bem as ondas indo até que pegamos uma tempestade às 5 da manhã que eu na rede fiquei que nem doido molhado chamando pela mãe.... Às 6 horas quando clareou o dia e que vi o tamanho das ondas, eu fiquei pensando com os meus botões... aqui é que os homens choram e nem  suas mães escutam... eu não vou falar da comida para vocês poderem jantar bem hoje só vou falar da água que era usada para lavar a louça... duas bacias, na primeira eram lavados  o grosso e na segunda  com a água mais limpa, o que restava!, essa segunda que no amanhecer eu achei que era uma bacia do café... Às 10:30 chegamos em Acandi uma cidade perto da fronteira com o Panamá. O barco fundeou e desceram a minha moto para uma chalupa, um barco com borda alta, em  1 hora estávamos em Abugana. Nesta cidade dei saída na moto e na minha pessoa. Dali a 40 minutos de barco... (o mesmo barco) já estava em Porto Obadia, já em território do Panamá. Ali já deu crepe com a imigração... O cara queria que eu tivesse um bilhete aéreo de volta ao Brasil, esta é a lei deles aqui para os brasileiros... chamei a nossa embaixada em dois dias resolveram o meu problema... A moto... a moto desmontei para entrar no avião “grande” que vinha no domingo dia 17. Eu cheguei nesta cidade (Currutela) no dia 14 à tarde... O avião “grande” veio e a moto mesmo desmontada não entrou no avião fiquei ao lado da pista vendo o avião ir embora e me deixando numa situação tão desesperadora que não atinei a mais nada... Lembro que fiquei estático por uns bons minutos e ouvi uma voz ao meu lado: PARA FALAR COM O GERENTE DA OUTRA CIA AÉREA QUE SÓ TEM AVIÃO PEQUENO... falar o que? Se o grande não levou... lá me fui deixando a moto e toda a minha bagagem na pista, exploda-se se roubarem algo... “Sr. Ramon... me ablaram que o sr. pode resolver o meu problema”...  “já sei levar a moto, vou ter que cobrar tantas passagens, quantos bancos do avião eu retirar... deixa a moto na pista mesmo, que a hora que o avião chegar eu vou lá...” Três horas chega o avião com cara de mau... aquele tipo de avião metido a grande... O comandante só disse uma palavra... “Tira os dois bancos e põe a moto”... eu não quis acreditar no que ouvi... a moto entrou que nem precisou de vaselina... você e o resto da moto vão amanhã, pois tenho que pegar outros passageiros nas ilhas se soubesse que teria moto e passageiros aqui eu tinha cancelado as ilhas. No dia seguinte ao embarcar no avião que parecia um avião que a força aérea brasileira e a americana usam... um avião chamado búfalo... só que este ao lado do búfalo não passa de um gato... pois a pista que ele aterrisa além de ter curva tem mais buraco que estrada de chão e toda a pista não tem 250 metros... Na terça-feira eu fui no avião mais as minhas coisas da moto ficaram (rodas e garfo dianteiro)... pois o avião e para oito e íamos em 10, pois tinha uns índios que iam ficar no meio do caminho e como eles são pequenos, o comandante achou que avião e o peso e não tinha problema. O número de gente em cada banco de 2, ia três... eu não acredito no que vi e estou escrevendo... uma viagem assim deixa você mais crente das coisas... Chego em Panamá revistam minhas coisas (aduana). No dia seguinte vou buscar a moto com um carro da BMW Ibéria Motos. Vou montar a moto sem muito esforço e com a cortesia desta revenda BMW. As rodas não tinham chegado, trago o corpo da moto e novamente a ADUANA deles revisam tudo de novo... Levamos a moto e não dá tempo de montar hoje de tarde, pois no Panamá só se trabalha até às 5 da tarde. Volto no aeroporto e pego as rodas que chegaram, já são 6 da tarde a ADUANA deles me revisa as rodas e me libera... Dia seguinte às 8 já estou na Ibéria Motos... hoje é quarta-feira, às 13 horas a moto fica pronta, vou ao hotel busco a bagagem e saio agradecendo ao gerente Luis Carlos Torrero e me vou embora querendo naquela tarde dormir na fronteira, são 470 km, quando sai o velocímetro da moto não marcava voltei e fiquei ali até às 5 da tarde e não demos jeito... Volto ao hotel durmo e saio às 6 da manhã debaixo de um temporal que vai me acompanhar por mais de 300 km... Quando estou chegando na fronteira, um pequeno posto da bendita ADUANA deles diz que a moto não pode rodar no Panamá porque a Aduana de Porto Obadia e a aduana do aeroporto de onde desembarquei, tinha que ter dado a mim um “permisso de trafego” Sr. por favor, eu como brasileiro posso ensinar os senhores a trabalharem? Quem entende de lei aqui no Panamá são os turistas ou são as Autoridades Panamenhas? Final da História a moto está retida na Aduana deles aqui de David, e eu escrevendo estes versos achando que eu é que estou errado por estar num país que não gosta de turistas ou as pessoas aqui tem muito que aprender. Não é à-toa que no Brasil já estudaram mais de 5.000 panamenhos nas nossas universidades e uma grande parte está trabalhando no Brasil, que além de ser um grande País, temos uma alfândega e uma policia federal a altura de qualquer País de primeiro mundo. Tinha um casal de alemães em uma van (camionete) que estavam com o mesmo problema meu, eles entraram e não deram documento algum a eles, assim quando foram sair, o mesmo problema... Eles são uma gracinha, na entrada a Aduana deles não dá qualquer papel a você na saída, te complicam a vida... ou por propina, ou é burrice mesmo... se alguém tiver tempo enviem um pedaço deste relato para todas embaixadas do Brasil, principalmente a do Panamá, para ver qual a resposta do Relações Públicas desta embaixada vai dar... Hoje dia 22/6 estou a 50km da fronteira com a Costa Rica e a 1 km de gritar incompetente... A Colômbia e o Peru que só tem problema, a Aduana deles é perfeita e Gentil... a Policia nem se fala... aqui levei uma multa hoje, de 84 km/h onde era 80... depois de muita conversa o guarda me deu a multa e sem jeito falou que eu não ia ter problema em paga-la pois não eram computadorizadas... Amem seu guarda... Boa noite para os amigos e bom dia para este país chamado Panamá... onde você tem que ter paciência e se passar por burro... Um abraço e até a próxima parada! E a Novela Continua... 

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A Maior Viagem de Moto dentro do Brasil Passando por todas as Capitais Brasileiras

          CHUI AO OIAPOQUE  X  OIAPOQUE AO CHUI A MAIOR VIAGEM DE MOTO DENTRO DO BRASIL PASSANDO POR TODAS CAPITAIS BRASILEIRAS         Todas as grandes viagens de moto sempre são planejadas, sonhadas, programadas e os dias contados para a grande largada. Chego num encontro de moto com uma BMW GS 1100 com 1.200Km rodados; Convidando a todos para ir à Manaus ver uma neta que havia nascido naquela capital. A gozação não demorou a vir: Com moto de mauricinho? Viajante aposentado! Moto de velho etc..; As 23 horas a GS fez o primeiro zero jogando pedaço de pneus nas motos dos "Bons"; O convite agora era ir do Chui ao Oiapoque, passando por Manaus para ver a neta ( Victoria).As 24 horas o segundo zero, quem foi rei não perde a majestade.         No dia seguinte o convite era: Fazer Chui - Oiapoque, Oiapoque - Chui passando por todas as capitais. Uma semana depois a moto estava encima da caminhoneta rumando para o Chui de onde eu iria começar e terminar a viagem.         Dia 05 de outubro as 17:15 a moto começa a rodar, os primeiros kilomentros são os mais difíceis, pela cabeça passa um turbilhão de coisas boas e ruins. Já rodei os 100 primeiros kms, a moto vai encontrando o seu próprio equilíbrio, e eu vou relaxando ao som do vento no capacete. Com isto vou confirmando a teoria, de minha autoria, de que a moto é o 5º elemento; Com ela na estrada você sente no corpo: a água (chuva), terra (poeira), fogo (sol escaldante) e o ar (vento).         Do Chui a cidade de Rio Grande são 220 km de reta, por ter enrolado demais o cabo do acelerador fico sem combustível no meio do nada. A dona BMW diz no manual que a reserva é de 6 litros, na minha moto não chegava a 2 litros. Pelo celular chamo um guincho para trazer gasolina. Cobro de quem o transtorno? Da BMW do Brasil ou da revenda que me entregou a moto sem revisão do tanque.         Durmo em Pelotas, passo por Porto Alegre e vou até Palhoça, onde fico dois dias resolvendo os últimos problemas. Próximo a Curitiba debaixo de chuva a moto começa a falhar, na revisão de mil kilometros o defeito reclamado não foi sanado.         Entro na revenda BMW de Curitiba, era um cabo do acelerador maior que o outro, a moto com 2400 Km, a revenda me cobrou R$ 150,00 pela mão de obra que me neguei a pagar questionando a garantia.         Passo a noite em Assis (SP), acordo cedo e a tarde estou em Rondonópolis na casa do Airton um velho amigo que tem mais de 100.000Km de moto e algumas reportagens publicadas pelas Duas Rodas. Dia 09/10 às 7 horas deixo a cidade abaixo de chuva, a tardinha, entro em Vilhena com 1.050 km rodados neste dia. A tarde entro em Porto Velho e fico num Hotel 5 estrelas, estou cansado das pousadas. Quero um banho de água quente. Conheço um integrante dos AmazonAngel que me apresenta a outros e fica o convite para participar no sábado do encontro Orly AmazonAngel.           Quinta-feira deixo o Hotel no rumo de Rio Branco ( Acre ) onde chego à tarde. A estrada é meio inferno meio céu. A polícia me para e pergunta o que eu tinha ido fazer em Rio Branco, por achar uma pergunta impertinente, respondi que vim ver o tio Idelbrando, queria dele o endereço das lâminas de moto serra, o soldado não gostou e começou a bater boca. Com a chegada de um superior as coisas se acalmaram, só falei que eu era um cidadão brasileiro e não tenho satisfação a dar, a nenhum policial, de onde vou ou deixo de ir dentro do nosso território, isto não é atribuição de polícia.        No dia seguinte já estou voltando a Porto Velho, antes passei por Guajará Mirim, onde cruzei o Rio Madeira e vi o maior cemitério de balsas de garimpo do mundo, comprei algumas joías ( ouro barato ) e a noitinha entro em Porto Velho, onde na frente do Shopping o carro de som animava o encontro do AmazonAngels que só admitem no seu grupo motos Chopper ou Custom e o grupo esta aberto a qualquer motociclista do Brasil que queria se intergrar. (A camiseta dos caras é um desbunde).         Durmo na casa do Aires, vice presidente do Amazon Angels. Domingo matam um boi para um churrasco de confraternização. Vamos dormir tarde, para mim a noite não precisava terminar, pois na 2º feira eu ia enfrentar a Porto Velho - Manaus. As 14 horas saio de Porto Velho e vou até Humaitá o asfalto ainda está no lugar. Em humaitá ouço de tudo: Você é doido, você não vai passar, vai morrer, tem muita onça, tem malária e outras coisas do genêro. Já outros falavam: Esta moto vai passar bem, tem uma Kombi que faz Manaus - Porto Velho toda semana. Como a sorte já estava lançada, comprei dois galões enchi com gasolina, comprei comida em lata, bolacha, frutas e etc pois vou atravessar um trecho de 600Km sem gasolina e 340Km sem uma viva alma. O sono não foi nada bom, a incerteza e o desconhecido faz você dormir com o sub-consciente viajando na estrada do medo. Acordo 5:00 coloco a bota ( dormi de calça e tudo). Escovar dentes e similares não tinha mais sentido, porque cuidar do corpo quando a alma está para ser perdida. A moto sai roncando suave para não acordar os maus espíritos da selva. Uma hora depois , o sol vem nascendo e tras consigo os problemas: chuva, barro, ponte caida. Isto marca o início do Inferno. São 6:30 faltam ainda 630Km para Manaus, o percurso total da Porto Velho - Manaus é 930km.       Agora são 22 horas estou atolado na beira de um rio, errei o caminho, uma balsa vem buscar do outro lado do rio. Custo do erro 20 reais e duas cervejas. Durmo ali mesmo numa casa abandonada. Hoje aconteceu de tudo, não me lembro de ter dado tanto trabalho pro o homem lá de cima (o Grande Arquiteto do Universo ).        Peguei uma depressão no asfalto que devo ter voado uns 15 metros, arranhei o tanque com o zipper da jaqueta, eu literalmente sai de cima da moto e saindo sobre ela, só uma hematoma na coxa esquerda. A moto se portou como se estivesse no Paris-Dakar.             Poucas horas depois entro numa cratera, arranquei um pedaço do cavalete central, novamente a moto se comportou com dignidade de uma campeã. Minutos depois passa na minha frente uma onça, fico olhando o animal entrando no mato. Não vejo uma ponte em curva, quase vou conhecer o meu guardião, olho para o céu e falo em voz alta: "Sei que estou dando muito trabalho prô homem ai de cima, no final da viagem nós acertamos a conta". ( a conta foi alta).         Na minha rede a prova de mosquito com o corpo coberto de repelente, fico lembrando das crianças, nunca tinha visto tanta criança com malária. As bolachas, maçãs, balas foram distribuídas para os menorzinhos. Esquentei uma lata de feijoada no motor da moto, foi tudo que consegui comer. Hoje o corpo libertou tanto adrenalina e endorfina que já é quase 1 hora da manhã e não consigo dormir. Viajar só numa estrada desta é coisa para louco, se você cair e desmaiar o sol acaba com você. Hoje passou por mim três caminhões vazios, cada um que atolava os outros puxam para tras até que um passasse pelo atoleiro para puxar os outros. Ainda bem que antes de sair de casa mechi nos três parafusos que comandam o cérebro. O da razão e do bom senso foram soltos, com o da emoção totalmente apertados. Você dá um abraço no diabo e fica rezando para Deus, achando que o mundo é feito só de emoção.           Faltam 100km para Manaus, nos últimos 30 km eu levei 4 horas e ainda tenho mais 4 horas para chegar a balsa que atravessa para Manaus.Como esta chovendo a 3 dias , contrato uma pick up para me dar apoio, rodei 32km e a moto impotente vai na carroceria e seu piloto humilhado serve de co-piloto em uma Pampa. Com um atoleiro na entrada da terceira balsa (são quatro balsas ) a Pampa levou quase 7 horas. São 23 horas quando entro em Manaus, meio eufórico, meio frustado, a visão de uma moto na carroceria de uma pick up vai me acompanhar pelo resto da vida.          Durante quase 3 dias você mantém nos braços, na cama, numa praia deserta uma grande mulher, que deu a você todos os prazeres.A falta do orgasmo com esta linda mulher seria menos frustante do que a visão de não terminar o trecho determinado.               No hotel já estao me esperando, o Aires do Amazon Angel, de Porto Velho que veio de avião trazendo parte da minha bagagem. Rui Guerra e Raimundo ambos dos Mercenarios de Manaus não deixaram nada me faltar em Manaus , de passeio em potentes lanchas pelo Rio Negro até cortesia na balsa para me levar a Belem.            Já é madrugada quando pego no colo pela primeira vez a neta Victoria, que foi o motivo inicial da viagem.         Por alguns segundos penso naqueles que poderiam estar comigo compartilhando as alegrias e mesmo as frustações e por "enes" motivos e "enes" problemas ficam dentro de seus lares cobertos com as colchas dos fracos de espirito. Volto a realidade com o choro da Victoria, querendo me mostrar que nem todos são iguais. Devido a euforia de encontrar grandes amigos nesta cidade em que morei por 14 anos, não percebi que já estou a três dias em Manaus. As 5 horas da manhã sou acordado pelo Raimundo dos Mercenarios, ele vai me escoltar nos primeiros 100km da Manaus-Boa Vista.             Como todo bom Harleiro a velocidade não passa dos 110Km. Rodamos 130Km, abasteço a moto e tomamos um belo café regional ( não é colonial). Agora: é eu, a moto e o guardião. Por educação saio devagar ascenando para o Raimundo, em pouco minutos entro na reserva dos índios Atroaris, a velocidade hoje não baixou dos 160Km, chego a Boa Vista com sol alto. Bato umas fotos na praça do carimpeiro e sigo para Santa Helena, a 50Km desta cidade no meio do nada encontro um bar, colado no vidro vejo o adesivo dos tubarões do asfalto, era do Luiz outro grande aventureiro. O Luiz colou adesivo por todo o Brasil. Na hora me deu vontade de arrancar os adesivos, quem eram os tubarões do asfalto para tirar o brilho da minha viagem. Saio dando risada dos meus pensamentos, eu queria mesmo era ter um bom companheiro de viagem ( além do guardião ).        Chego a Santa Helena, do lado brasileiro não tem posto de combustível, sou socorrido por uma CG, vou dormir no lado da Venezuela, pois no lado brasileiro não tem hotel, embora toda comida e roupa seja comprado no lado brasileiro pelo nossos irmão venezuelanos.         As 7 horas já estou na estrada. Ontem rodei 1.070Km e quero chegar hoje em Manaus, devido a fusos horários cheguei em Manaus as 19:00 rodando 13 horas, com poucas paradas.         Atropelei e matei um urubu, o meu ombro ficou todo roxo, se acerta o guidão da moto esta matéria ia ser escrita de outra forma.           Três horas depois da minha chegada a Manaus a moto vai ser escoltada pelo Rui Guerra até o porto onde ela é embarcada numa balsa junto com mais 20 carretas. Com destino a Belém. Por ser de graça e ter perdido meu mapa, não vi que a melhor opção era descer em Santarém e pegar outro barco ou balsa até Macapá. A distância Santarém-Amacapá é a mesma de Santarém-Belém. Enquanto a moto viajava para Belém fui convidado pelo Jian, presidente do grupo Hell Angels para comer um churrasco em sua imponente sede. Se você quer se tornar um Hell Angel procure o Jian ou o Rai em Manaus no telefone (92)981-2113 e fax (92)981-7781 . A moto levou 5 dias para chegar em Belém, no quarto dia eu já estava em Belém esperando a mesma. O avião e o hotel sai mais caro que o melhor barco Manaus-Belém. De balsa eu já tinha feito este trecho com outras motos e agora não tinha mais paciência para acompanhar a moto por cinco dias de monotônia.         No dia 25 de outubro as 10 horas a moto e eu somos embarcados com destino a Macapá. A moto vai na proa, e eu num camarote individual, isto custou R$200,00. O barco é coisa de louco, tem até boate tipo trio elétrico. O barco vai andando e eles vão mechendo na antena parabólica que tem dois tipos de "timão" onde eles vão acertando os sinais horizontais e verticais, fico pensando: "A necessidade é que faz o homem ficar inteligente".         Depois de 24 horas chegamos em Santana já que o porto de Macapá fica na cidade vizinha. Passo na Varig e verifico se chegou o pneu trazeiro da moto. Com a confirmação falo para o funcionário que vou ao Oiapoque e na volta pego o pneu. Eram 12 horas quando passei pela única polícia rodiviária no estado do Amapá. Deram telefone para caso de emergência e saio meio eufórico para terminar os 50% da viagem. Com 168 Km termina o asfalto e entro na estrada de chão, depois de rodar os primeiros 50Km a moto acha novamente a velocidade ideal, já rodo de 60Km a 100Km por hora. Nesta estrada tem de tudo, como ela foi feita por garimpeiros de dezenas de anos atrás eles usaram a topografia do terreno da melhor maneira possível sem se importar com a distância entre dois pontos. Num trecho de 10/15Km você pilota a moto com o sol em todas os pontos cardeais. As curvas são perigosas porque elas são feitas como nas pistas de corrida com declínio de mais de 30%, para carro é uma beleza, para moto você entra em baixa velocidade e ela vai derrapando para o centro da curva onde pode achar um carro no sentido contrário.         Ao passar um veículo por você e o vento estiver no teu sentido é melhor parar e deixar a poeira baixar. Hoje entrei no mato, a sorte é que era plano. As 9 horas com o sol ainda alto para para dormir na cidade de Calçones. Se continuar não vou chegar no Oiapoque e vou ter que dormir no mato.             São 12 horas do dia 27 de outubro fico embaixo da placa que diz "bem vindo ao Oiapoque". Tiro várias fotos correndo pois estava se armando o maior temporal, mal dá tempo de guardar o equipamento fotográfico. No hotel alguém fala que não sabe como cheguei até ali com aquele pneu. Em Calçone já tinham me falado que o meu pneu estava careca, mas não dei bola. Quando olhei para o pneu é que vi o cálculo errado que eu havia feito.             Achei que na estrada de chão ( com muita pedra ) o pneu não gastaria, ao contrário gastou mais que no asfalto. Eu nunca tinha visto um pneu sem camera com a lona aparecendo totalmente. Foi bom eu não ter visto, assim passei por mais de 50 pontes confiante que o meu pneu dava para ir e voltar ao Macapá. Procurando uma camara de ar, achei um piloto de avião de garimpo que por 30 Reais me trouxe de Macapá o meu pneu. Toninho, que os anjos dos pilotos de garimpo te protejam.         No dia 28 às 10 horas estou trocando o pneu, verifico que a pastilha de freio traseira foi quebrada ( lascada) em Manaus quando retiramos do cardã uma linha de naylon que fazia o retentor vazar óleo. Depois do penu trocado, fiquei esperando até as 13 horas para abastercer a moto. Só tem um posto na cidade e os grupos geradores quando param para manutenção o posto não abastace. No Oiapoque a gasolina custa R$1,75.           Pneu novo, energia nova, pego muita chuva nos primeiros 100Km, em comparação a Porto Velho - Manaus isto aqui é um paraiso. A moto dança um pouco devido ao seu peso.         São 10 horas da noite quando chegou numa cidade chamada Tartarugazinha, tomo uma coca e conheço um pessoal, engenheiros da eletronorte, pronto o pau de enchente aqui já ficou ali até a 1 da madraguda, resolvo dormir no único hotel , falta 235Km para o Macapá. São 65Km de chão e o resto de asfalto. Saio as 5 da madrugada a 40Km de Macapá outra CG da vida me dá gasolina, a coisa tá virando costume. O pior que ninguém quis receber o meu dinheiro e acabo dando uma camiseta do grupo Roda Brasil. Entro no porto ás 10 horas, dá tempo de embarcar a moto de volta a Belém. Não fiquei nem duas horas dentro de Macapá.         No porto de Belém para tirar a moto foi um parto, ou eu ficava 6 horas esperando a maré subir para o convés do navio ficar no nível do cais, ou eu tirava a moto na mão. Por 40 reias uns 10 homens tiraram a moto. Cada arranhão menos 10 reais, este era o acertado. Funcionou bem, a moto não sofreu um arranhão.         Vou almoçar com o Marcelo com quem já viajei junto, ele faz parte do governo do Amapá. O almoço era de seu noivado. O Marcelo está a disposição de qualquer motociclista para dar informações sobre o seu estado.         Saio de Belém as 14 horas e vou dormir em Santa Inês. Já no Maranhão entro em São Luiz, tiro uma foto, procuro no correio as pastilhas de freio, enviadas por sedex, que ainda não tinham chegado. Peço para a BMW Officer mandar pastilha de freio para as duas rodas e um pneu dianteiro porque não sei se o meu chega a Natal. Volto pela mesma estrada. Vou dormir em Caxias a pouco mais de 100Km de outra capital que tenho que fotografar. As 10 horas já havia entrando e saido de Teresina. As 19 horas já estava de banho tomado percorrendo as praias de Fortaleza, o que chama a atenção nesta cidade são as motos taxi, todas pintadas de verde limão, prestando um bom serviço para pessoas de baixa renda, ou para aquelas que gostam de curtir a vida do jeito que ela se apresenta. Hoje qualquer corrida de taxi custa R$20,00, na moto R$1,00. As moto taxi não tiraram os passageiros dos taxi e sim dos ônibus. ( Ou pobre anda de taxi? )           Chego em Aracati as 11 horas compro no mercado público 1 ½ Kg de lagosta (só rabo), meia hora depois atolo a moto na praia de canoa quebrada, adivinhe quem me socorreu.... outra CG, que também me ensinou a andar na trilhas dos Buggys, ainda tem grupos de motos que não aceitam moto de baixa de cilindrada, 99% de todos os integrantes de todos os grupos de moto do Brasil iniciaram suas carreiras motociclisticas a bordo de belas cinquentinhas, quando muito, uma CG. Hoje este povo cavalgando em suas possantes motos gospem no prato que já comeram. Se foram pobre um dia, agora não se lembram mais.         Em Mossoró tem um hotel de águas termais com mais de 10 piscinas. É ai que vou descansar o velho esqueleto. No dia seguinte entro em Natal, vou direto para a praia dos artistas, ali tem dezenas de hotéis baratos. Falo com o pessoal da BMW Officer, eles mandaram o pneu pela vaspex ( o pior serviço de carga ) vai levar dois dias para chegar ao aeroporto. Ligo para um amigo comum, Macram Elali de "Duas Rodas" e conheço a figura mais simpática do nordeste. Ele fez e criou o primeiro encontro de moto de Natal que se continuar a ser feito por ele, vamos ter um Segundo Mega Encontro no Brasil, o homem além de ser um grande empresário é doente pelo motociclismo.         A noite conheci o grupo Potiguar Moto Clube, no dia seguinte vou atras do meu pneu que chegou com mais de 24 horas de atraso. O Elali mandou eu escolher a revenda de moto em Natal para trocar o pneu, a pastilha de freio, o óleo e etc. A Suzuki só me cobrou o óleo e mesmo assim porque insisti no pagamento.         Na saída de Natal recebo do Elali uma lista com mais de dez grupos de moto do nordeste,em João Pessoa vou a Cabedelo rever onde começa a Transamazônica.Pouca gente sabe onde teve início esta rodovia.         Na praia do Tambaú a lista do Elali começa a funcionar.Encontrei todo o pessoal do rota do sol, fiquei das 13 horas ate as 18 horas bebendo cerveja e comendo camarão.As 20 horas já estava com os Falcões da Serra de Campina Grande,outro grande grupo que esta surgindo no nordeste,nunca dei tanta risada.No domingo me fizeram comer buchada de bode,a principio hesitei ,mas ele repetiam a toda hora que o Presidente FHC comeu nas eleições e quem eu era então para recusar?.Me aguarden nas festa juninas , pois estarei ai para ensinar vocês a dançar forro.Nos Falcões da Serra tem um motociclista que é digno de nota ,é o Tio Bello, 82 anos, 1,55 m pilotando uma Suzuki Rayabusa.Realmente o motociclismo não tem idade,mas neste caso resta saber quem esta abusando de quem.            A festa termina as 15horas,as 18 horas chego em Caruaru, encontro o Jorge que alem de ter grupo de show the welling ainda pertence ao Raposas do Asfalto.Mais tarde falo que estou indo para Recife, e todos me dão o endereço do Armandinho Recife Moto Clube.No primeiro hotel entro e caio literalmente desmaiado,este povo só bebe e não fica bebâdo.         No dia seguinte vou conhecer Armandinho, esta figura para qual todo o nordeste só tem elogios, ele é dono da revenda Triumph, Ducati e Cagiva.De Recife eu teria que ter ido conhecer os Cavalos Doidos em Paulo Afonso-Bahia, desculpa fica para junho deste ano.         No fim da tarde chego a Maceió, vou ver umas jangadas que eu tinha comprado no passado para fazer propaganda.Ainda estavam nas mãos da mesma pessoa.Procuro o grupo de moto Nomades do Asfalto, não acho o Juarez ele estava viajando para os lados de Minas Gerais.         Em Aracaju o Jorge Simões me da as boas vindas, recebo o convite para um encontro a noite com os Raposas do Asfalto.Almoço na praia, as 13 horas estou no rumo de Salvador,na cidade de Estancia entro na linha verde uma bela estrada me faz chegar rapido.Em Salvador tiro fotos na praia de Itapua, o Moto Clube Feras do Asfalto tambem vou deixar para traz, amigo Rocha vou fazer uma viagem só para visitar os irmãos do Nordeste.             Chego em Feira de Santana as 20 horas, quando vou chegando num orelhão uma Ranger sem placa para e pergunta se preciso de algo. Falo que procuro o Agnaldo do Grupo Feira Moto Estrada. Sou eu mesmo responde o condutor da Ranger. Após 3 horas tomando cervejan e conhecendo mais uns 10 integrantes do grupo é que eu me convenci que o Agnaldo era o Agnaldo, me parece que meus anjos da guarda se deram bem com todos os Exus e Iemanja da Bahia. A pernoite é num Motel 3 estrela pois o Agnaldo recebe várias cortesias por mês neste Motel. Cedo saio no rumo de Barreiras com o Agnaldo me escoltando por uns 30 ou 40 km.         De Salvador para o Chuí é só ir margeando o mar e em três dias você chega no Chuí. Como me comprometi com a revista duas rodas de fazer a maior viagem de moto dentro do Brasil hoje vou para Barreiras (BA) no rumo de Palmas capital de Tocatins. Preciso procurar nas entranhas do Brasil as capitais do Brasil central.         São 17 horas quando entro em Barreiras com a torneira do céu aberta e o estomago grudado nas costas. Na Bahia é moda por placas de perigo a 100 metros isto é traduzido para buracos enormes que mais parecem lagoas. Nesta cidade que eu achava pequena e perdida no meio do nada, encontrei o grupo Xerifes do Aslfato, com mais de 50 integrantes, a festa foi até altas horas. De Barreiras para Palmas a estrada é bem sinuosa, em compensão boa, tem trechos com mais de 100km sem posto de gasolina.         Chego a tarde em Palmas, me parece uma Brasília mal copiada, cada fim de rua uma rotatória. Ali é a capital mundial das rotatórias ( redonda, rótula, etc... ). Menos de 2 horas depois já estou no rumo da rodovia Belém-Brasília, acordei em Paraíso do Tocatins (GO) . Fui despertado com uma bomba d’Água que me acompanhou até próximo a Gôiania. Na Belém-Brasília 50% tem asfalto de primeiro mundo e 50% asfalto brasileiro com cheiro de corrupção ou engenheiros burros. O asfalto é para durar 10 anos, no Brasil dura no máximo 5, você vê asfalto se partindo no primeiro ano e ninguém é responsabilizado.         Em Goiânia procuro o Paulo, meu irmão de 30 anos de cachaça, não acho ele em casa, tiro fotos e me largo para Brasília. No meio do caminho vejo o onibûs do Abutres e falo para Pateta e o Medalha que o pessoal do Falções da Serra mandou um abraço. Na hora sou convidado para um encontro de moto a 90Km na cidade de Perinopolis que por sinal é uma cidade antiga e muito bem conservada, onde o pessoal de Brasília tem casa de campo.           Dois dias de chuva travaram o encontro, no terceiro dia, 15 de novembro volto para a estrada deixando o encontro com muito sol. Entro em Brasília bato várias fotos e vou dormir em Belo Horizonte.         Ao acertar com a revista Duas Rodas que a moto ficaria exposta no salão Duas Rodas no estande da revista , além do cabo do acelerador ter ficado mais esticado, aproveitei ao maximo da luz solar. Em Belo Horizonte, acordo e vou fotografar a igreja da Pampulha.        As 14 horas entro em Vitoria (ES), tiro a foto da capital capixaba e vou dormir em um motel(mais barato) em Campo Grande.De Campo Grande para o Rio de Janeiro, o único problema são os buracos solitarios, aqueles que a estrada é otima e ao mesmo tempo uma armadilha.         No Rio,paro sobre a ponte Rio-Niteroi e quando vou fotografar, chega o Socorro e pergunta se eu preciso de ajuda .Peço para que bata a foto , e o cara não gostou muito, como carioca leva tudo na gozação...         As 16 horas em São Paulo vou direto a Officcer (revenda BMW) que alem de agradecer a presteza e a eficiencia em despachar as peças para a minha moto , ainda recebi um belo desconto dado pelo meu amigo Mazinho.         A noite vou com o Alberto Pelegrine no Pacaembu onde as terças- feiras reunem-se todas as motos e muitos carros antigos, há muito queria ver esta feira que funciona somente nas noites de terças.Para quem estiver em São Paulo é um bom programa.         Quando estou em São Paulo sempre durmo na casa do meu amigo Alberto Pelegrini, só que acompanhar este louco pelas ruas de São Paulo é o pior trecho da viagem.As 10 horas estou em Registro e as 13 horas chego a Curitiba.Estou a 315km de casa , se entro em casa não sei a que horas vou chegar ao Chui.As 19:30 paro para dormir na cidade de Erechin.Na calçada da avenida principal, acho um barzinho simpatico onde fico tomando cerveja ate as 23 horas, quando decido procurar hotel, todos estão lotados, então vou dormir em um motel.         Acordo e sinto falta de uma luva, que chego a conclusão que devo ter bebido na noite anterior e não vi.Viajo os primeiros 60 km com a mao sem luva nas costas para não receber o vento frio da manha , entro na primeira cidade e compro um par de luvas e chego a Santa Maria a tempo de almoçar com meu amigo Renam, depois de duas cervejas e meia duzia de telefonemas, sou obrigado a ficar em Santa Maria, pois o grupo Gaudérios do Asfalto vão fazer um churrasco a noite em minha homenagem.  Sem duvida, este é o maior grupo de moto hoje no Rio Grande do Sul.O que chama atenção neste grupo é que dentro de seus integrantes eles só não tem guias de cego e gay, o resto é impressionante. Para não prolongar a conversa, fui dormir as 6 da manha.......Hoje eu grito para este povo bonzinho "Desassulera Gaucho!!!".         São 12 horas da manha acordo me perguntando que tipo de trator passou por cima de mim.O Chui é logo ali, 670 km, a moto sai rosnando (ao inves de roncando) ficou toda dura, moto não pode ficar na noite sozinha , beber todas e no dia seguinte esta 100% para viajar.Quando chego ao Rio Grande e vejo que só falta 220km para o Chui, resolvo(irresponsavelmente) esticar todo o cabo do acelerador.A moto mantendo 150/200km por hora com 160km eu tive que parar e abastecer pois a moto fez 7km por litro.No Chui eu bati todas as fotos que eu tinha direito , comprei meia duzia de vinhos na zona franca do Uruguai e e toco de volta no rumo de Porto Alegre, agora com o vento no sentido contrario a moto mantem 170/180 km por hora, o consumo novamente foi para 7 km por litro.             As 21:30 o cansaço e os 1097km hoje rodados mais os farois altos na cara ( amarrotada pela farra da noite anterior)em em São Lourenço do Sul e durmo embalado pelo vento forte da Lagoa dos Patos.As 8:30 já tirei foto do Laçador, monumento do Gaucho na estrada de Porto Alegre. Entro na casa do Tio Nei, faço algumas ligaçoes para casa avisando a hora da chegada e que quero tudo pronto.As 14:30 chego a minha casa em Palhoça - SC, depois da sessao de fotos de chegada aos meus anjos da Guarda e ao Guardiao por ter chego sem nenhum arranhao e por ter feito a maior viagem de moto dentro do Brasil.         Do Chui ao Oiapoque do Oiapoque ao Chui passando por todas as capitais e com 23.300km rodados em 45 dias.Agora de bermuda e sem capacete eu me sinto a paisana.Com a mulher (Marta) e os filhos, Leopoldo e Kayo já dentro da caminhonete, a ultima a entrar é a moto, agora ela sobe na Pick Up, com o sentimento do dever cumprido, ela vai ser exposta no salão duas rodas.         Hoje é sabado, ontem conversei com o pessoal da Revista Duas Rodas e me alegaram que eu tinha ate as 18 horas de domingo para por a moto dentro do salao, pois na segunda feira as 10 horas seria feita a abertura do segundo salao da motocicleta intitulado de Salão duas rodas.         Tenho que aprender a viajar com crianças novamente.As 16 horas a moto esta dentro do estande da revista Duas Rodas que estava comemorando no salao seus 25 anos e me lembro de que a 23 anos atraz atravessei a Tranzamazonica de moto (numero 15 e 16 da Revista Duas Rodas). Hoje cumpri minha parte no prometido com a revista e sozinho dentro do estande da Revista Duas Rodas, fico sonhando..Ushuaia x Alaska x Ushuaia.  Quem vai..(48)242-6200  email:  Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. FIM  

15 Motos e um Destino: Valparaíso, no Chile

REVISTA DUAS RODAS N 195 – NOVEMBRO – 1991   A CARAVANA PASSA... ... COM 15 MOTOS E UM DESTINO: VALPARAÍSO, NO CHILE. ERA A REALIZAÇÃO DE UMA IDÉIA DE WILLIAM DAMS, MECÂNICO DE FLORIANÓPOLIS (SC). CONFIRA.         Quando ficou sabendo que uma caravana de 15 motociclistas iria fazer uma viagem de Florianópolis (SC) à Valparaíso, no Chile, o veterano aventureiro João Gonçalves Filho, o Gau, apostou com o idealizador da idéia, o mecânico William Robert Dams, sete caixas de cerveja como muitos desistiriam no meio do percurso e só poucos chegariam ao destino final. João, com muitas aventuras no currículo – entre elas a pioneira viagem de Manaus (AM) à São Paulo pela Transamazônica pilotando uma Harley Davidson 1200, publicada em DUAS RODAS N 16, de 1976 – já tinha até um lema para essa aventura coletiva: "como não viajar de motocicleta". Mas 15 dias depois da partida, ele havia perdido a aposta.                   A idéia de reunir a caravana surgiu num dos churrascos diários de fim de tarde na oficina de William, em Florianópolis. Freqüentada por muitos motociclistas, a oficina passou a ostentar, na entrada, uma placa – destas usadas para sinalização a pilotos em provas de automobilismo e motociclismo. Começava então uma contagem regressiva para a viagem. O número de dias que faltavam para a saída era mudado diariamente. Começou com 166.                 COMER COXA DE GALINHA         Aos poucos, muitos interessados na viagem foram sendo relacionados por William. O empresário João Gonçalves Filho, que até então estava cético quanto ao sucesso do projeto, comprou uma moto quando faltavam 3 dias para a saída: uma Kawasaki Ninja ZX-11, que veio buscar em São Paulo (SP). Há dois anos longe do guidão, João se assustou de início com a Ninja e nas avenidas paulistas tratou de rodar com todo cuidado – "toda hora era ultrapassado por Honda CG 125", conta ele – até se acostumar com a máquina.           Mas para quem já atravessou a Transamazônica de Harley e foi até Ushuaia, no extremo Sul do continente, de Honda CBX 750F, adaptar-se à potência e rapidez da Ninja foi uma questão de horas.         No dia 7 de setembro de 1991, a caravana deixou Florianópolis rumo a Valparaíso à cerca de 3.000 km dali. A saída estava marcada para as 9h30, mas a pontualidade brasileira não falhou: o grupo partiu às 13h. E nem bem tinham rodado 40 km, a primeira parada: um dos motociclistas quis comer uma coxa de galinha na cidade de Paulo Lopes (SC), com a alegação de que lá se vende a melhor "coxa" de Santa Catarina. Até aí João achava que a aposta com William estava no papo: como haviam vários motociclistas inexperientes em longas viagens, acreditava que a cada 1 mil km alguém desistiria.              A caravana, então com 12 motos, passou por Porto Alegre (RS) e pernoitou em São Gabriel (RS), a 160 km da fronteira com o Uruguai. No dia seguinte o grupo seguiu para Tacurimbó, no Uruguai, onde um motociclista brasileiro que mora na cidade os esperava. Era Artur Henrique Córdova, o fotógrafo "oficial" da viagem.         A próxima parada seria em Santa Fé, já na Argentina, onde a caravana teve que cruzar um túnel sub – fluvial. São três quilômetros por baixo do Rio Prata e, durante o trajeto, é proibido ultrapassagem. Mas João e Zaldecir Alves Freitas, o Ciro – com uma Kawasaki ZX-10 – não resistiram e passaram à frente de outras motos. Um "detector de ultrapassagens" entrou em ação e algumas luzes no túnel começaram a piscar sem parar. Então, numa das muitas brincadeiras que ocorriam durante a viagem, os dois apressados colocaram a culpa em Sigifrido Giardino Graziano, o mais velho do grupo ( 56 anos ), logo que a caravana foi parada na saída do túnel por policiais. Sigifrido, também de ZX-11, não entendeu nada quando os policiais quiseram multá-lo. Gastou muito "portunhol" para explicar que não fora o errado. Nesta altura, João e Ciro estavam bem longe...        PELO DESERTO         Em Córdoba, ainda na Argentina, mais dois motociclistas aguardavam a caravana: os irmãos Martin e Alberto Otero. Martin, considerado o melhor motociclista do grupo, com uma Honda Transalp 600V e Alberto com uma antiga Honda CB 550 Four dos anos 70. Mais uma vez os brasileiros foram recebidos com festa, já que Córdoba é um dos principais centros motociclísticos da Argentina.         Entre Córdoba e Mendoza, cidade já da região dos Andes e na fronteira com o Chile, o grupo cumpriu o trecho mais cansativo até então. A região é desértica, a temperatura chega a 40 º C. Foram 500 km através de uma estrada que corta uma área parecida com a caatinga brasileira, quase sem vegetação. Nesta localidade inóspita só se vis estrada pela frente. A preocupação de João e William, de Honda CBR 1000F, era com procedimentos de segurança para o grupo, pois alguns como Sigifrido, encostavam muito com suas motos nos demais. Uma desatenção ou um "cochilo" – já que a paisagem repetitiva chegava a dar sono – poderia causar um acidente.         Já em Mendoza, o grupo cruzou para o lado chileno. Para alguns, o primeiro encontro com a Cordilheira dos Andes e a neve foi fascinante. Foram inevitáveis brincadeiras como guerra de bolas de neve, e já que o dia estava ensolarado, alguns resolveram até tirar a camisa para "escalar" alguns barrancos cobertos de neve. De Los Andes a caravana foi à Santiago, capital chilena. Lá o grupo teve uma lição de Polícia local: um dos motociclistas estava rodando sem capacete em uma grande avenida de trânsito intenso; policiais paralisaram o tráfego para que o "distraído" colocasse seu capacete; o motociclista ainda tentou um "eu paro ali na frente e coloco" mas não adiantou; o trânsito que esperasse, mas ele não iria em frente sem o capacete. E, por sorte, não levou uma multa...                      A caravana ficou três dias em Santiago, aproveitando para fazer compras – principalmente as três mulheres que foram nas garupas dos maridos -, conhecer a boa cozinha local, à base de frutos do mar, e curtir noitadas com muito vinho e cerveja. A única crítica aos chilenos, segundo João, é que eles não gostam muito de usar motos e as poucas que são vistas por lá são velhas ou novas mal conservadas.                   O trecho final da viagem foi até o litoral chileno. A caravana seguiu para o balneário turístico de Viña del Mar e depois para a cidade portuária de Valparaíso, uma bastante próxima da outra. Para comemorar a conquista do objetivo, o grupo organizou um almoço em um restaurante panorâmico montado em um antigo píer que invade em alguns metros o Oceano Pacífico.                NEVASCA         Durante o almoço em Valparaíso, quando já se combinava a volta ao Brasil, o grupo ficou sabendo que havia caído uma tempestade de neve na região de Los Andes. Justamente para onde eles estavam rumando. Mesmo diante da notícia da nevasca, a caravana foi para Los Andes. Lá, a ligação com o lado argentino estava interrompida e a cidade lotada. Não havia lugar para toda caravana no mesmo hotel e, pela primeira vez, o grupo não ficou junto. Foram três dias em Los Andes, com muita chuva e frio. Jogar conversa fora, jogar baralho, tomar um porre diário, foram alguns dos divertimentos do grupo na estada forçada em Los Andes.         Liberada a estrada para o lado argentino, o grupo teve que comprar correntes para colocar nos pneus das motos e assim aumentar a tração para vencer a camada de neve que ainda se acumulava em alguns trechos. A tática era esperar que os carros passassem para marcar o "trilho" e depois segui-lo, diminuindo assim o perigo de derrapagens, já que fora a Transalp e uma Yamaha XT 600Z Téneré que contavam com pneus de uso misto, as demais eram estradeiras / esportivas.         Vencida a estrada da Cordilheira dos Andes, o grupo seguiu novamente para Mendoza. João Gonçalves ia à frente e por pouco não se deu mal: parou a moto para recolher dois cachorrinhos abandonados e quase foi pego em cheio por um caminhão que vinha atrás. Neste trecho também houve o único tombo da viagem: Gilson Losso, que estava com a Téneré, caiu mas não se machucou. O único prejuízo foram dois piscas quebrados.         Em Córdoba, mais uma vez houve festa e até uma canal de televisão argentino mandou repórteres para entrevistar o grupo. O retorno foi pelo mesmo percurso, com nova passagem por Tacuarimbó, no Uruguai. No dia 22 de setembro os 12 motociclistas catarinenses chegaram à Florianópolis com 6.500 km rodados. Para variar, houve um grande churrasco, com muita cerveja e uísque.         Feito um balanço, cada membro da caravana viajou com cerca de US$ 1,5 mil ( Cr$ 930 mil pelo câmbio paralelo do dia 9 de outubro ), que deu para pagar comida, hospedagem e gasolina. Entre as muitas lições de uma viagem coletiva, o experiente João Gonçalves Filho cita o poder de negociação: "A mulher de William, Miriam, é uruguaia e se encarregava das negociações no Chile e na Argentina com donos ou gerentes de hotéis e restaurantes, já que com 18 pessoas só nas motos ( fora outras sete que foram em três carros), lotávamos os locais. Com isso, sempre conseguíamos descontos. Em algumas cidades, chegamos a ter hotéis e restaurantes só para o grupo", diz.           O grupo se prepara para outra viagem, desta vez para o Nordeste brasileiro – veja os nomes dos aventureiros e das motos no quadro - e a idéia é aumentar o número de motos na caravana. "Esperamos mais de 20 motos para a próxima aventura", comenta João Gonçalves, que de descrente no projeto de uma viagem coletiva, é agora um dos maiores defensores da idéia.               A CARAVANA NOME MOTO William Robert Dams Miriam Berois Honda CBR 1000 F João Paulo Oliota Carmem Oliota Honda CBX 750 F José Carlos Gomes Rosilda Santos Honda CBX 750 F João Gonçalves Filho Kawasaki Ninja ZX – 11 Gilson Eloy Losso Yamaha XT 600Z Téneré Tiago Manoel de Souza Honda CBX 750 F Afonso Dutra Honda CBX 750 F Zaldecir Alves de Freitas Kawasaki Ninja ZX – 10 Rogério da Veiga Cordel Honda CBX 750 F Artur Henrique Córdova Honda CBX 750 F Jair Pires Filho Honda CBX 750 F Geovani de Souza Honda CBX 750 F Sigifrido Giardino Graziano Kawasaki Ninja ZX – 11 Martin Otero Honda Transalp 600 V Alberto Otero Honda CB 550 Four FIM  

Woodstock em Faro-Portugal

REVISTA DUAS RODAS N 290 – 1999   Woodstock em Faro   Em Portugal acontece atualmente o maior encontro do mundo organizado por um motoclube. DUAS RODAS foi conferir de perto como é a muvuca que atrai motociclistas de toda a Europa.         Para quem está acostumado aos encontros do padrão americano, como a Daytona Bike Week, ou aqueles que são organizados no Brasil – incluindo o Megacycle – a 18ª Concentração de Faro, promovida pelo Moto Clube de Faro, em Portugal, é uma grande e saborosa novidade. Pela primeira vez uma revista brasileira cobriu esse que é tido como o maior do mundo organizado por um motoclube e o segundo maior encontro europeu – só perdendo para a motofesta em Jerez de La Frontera, Espanha, na época do Grande Prêmio de Motociclismo. Duas Rodas esteve em Faro, cerca de 300 km ao sul de Lisboa, representada pelo colaborador João Gonçalves Filho, o Gau, experiente motociclista e profundo conhecedor de encontros em Daytona e no Brasil. Acompanhe o relato de Gau e divirta-se. A "concentração"- como se definem um encontro – foi na segunda quinzena de julho de 99. Com certeza, não há nada parecido por aqui CERVEJA E SARDINHA Faro realmente me surpreendeu. Nunca vi nada igual – e tenho milhares de quilômetros rodados em encontros. Para começar, todos os integrantes do Moto Clube de Faro trabalham muito, de 16 a 20 horas por dia, tirando lixo, entregando bebidas nos bares, molhando a terra com pipas gigantes, assando sardinhas na brasa, servindo comida... Isto para atender – pasmem – cerca de 25.000 pessoas numa área verde de 180.000 metros quadrados ! Lá todo mundo vai para acampar. A inscrição custa menos que R$ 45.00, incluindo oito refeições, camiseta, adesivo e uma caneca de alumínio para cerveja – para mim, o melhor brinde, pois vinha com uma corrente para amarrar na moto, na barraca e na cintura... A inscrição também dá direito a um local para montagem da barraca de camping. Não me lembro de ter visto tanta barraca pequena junta.          Com aquele imenso acampamento e os milhares de motociclistas de bem com a vida, Faro pareceu estar revivendo o motociclismo americano dos anos 60 misturado com Woodstock – a grande festa hippie de 1968, nos EUA. Era comum ouvir frases como "sou livre", "mil milhas por dia", "as estrelas são meu teto". A segurança lá dentro é nota 10. Ninguém exagera, nada de "zerinhos", nada de empinar motos. Toda a segurança é feita pelo pessoal do Moto Clube de Faro e por pessoas de outros grupos, que são convidados a dar esse tipo de apoio.      Os seguranças usam uma vistosa camisa amarela, e por cima, o colete do motoclube a que pertencem, com o nome do grupo e da cidade nas costas. Polícia não entra. Só ambulância para retirar ou socorrer os alcoolizados.         Os shows, em um palco com mais de 20 toneladas de som e equipamentos, rolam até alta madrugada. O grupo de rock português "Xutos e Pontapés" , famoso por lá, foi a maior atração na sexta-feira à noite – o evento começa na quinta e termina no sábado à noite, já que no domingo é dia de voltar para casa. Mas o que agita mesmo a galera de "motards" ( nome dado aos motociclistas pelos portugueses) são os shows de "streep tease" e eróticos ( tem nu frontal, lesbianismo...).         CADÊ A MOTO?         Três grandes lonas como as de circo garantem lugares com mesas para as refeições. Às 10 horas de sexta-feira, quando cheguei, vi cerca de 20.000 canecas de alumínio ensacadas. `s 13 horas de sábado, a diretoria do Moto Clube de Faro emitiu um comunicado via fax para rádios e tevês de Portugal pedindo para ninguém ir mais para o encontro, pois as 25.000 inscrições haviam sido alcançadas e os portões de acesso seriam fechados. Em menos de uma hora depois, as redes de comunicação já davam a notícia em edição extra, pois o evento faz parte do calendário turístico de   O aeroporto de Faro é mais moderno que o de Lisboa e fica a menos de 500 metros da "concentração". Nunca tinha visto tanto motociclista vestido à caráter ( roupas de couro, bandana, botas...) chegando ao encontro a pé, com a mochila nas costas. Parecia aqueles filmes de cowboy em que o cavalo do mocinho morre e ele chega à cidade a pé... Foi a cena mais engraçada que vi.         Isso tem explicação: da Inglaterra, Alemanha ou países mais distantes, vir de moto é demorado e caro travessia no eurotúnel, no caso dos ingleses, mais pedágios caríssimos...). Fica mais fácil pagar cerca de US$ 150 numa passagem aérea e curtir a festa mesmo sem   Para que ninguém pense que cheguei de avião, que fique bem claro que vim da Espanha com uma BMW R 1200 C-Cruiser, cedida pela BMW espanhola – mas essa é outra história. Fui muito bem recebido por Jorge Mateus, presidente do Moto Clube de Faro e seu "braço direito", o Brasa, como representante de Duas Rodas. Segundo eles, o primeiro brasileiro a fazer uma reportagem sobre o evento. Ganhei uma cartão VIP para comer e beber de graça, em qualquer lugar. Me arrumaram até uma barraca para dormir. Tratamento nota 20 ! Uma coisa triste, no entanto, são os acidentes fora da concentração. O pessoal lá anda "forte" nas autopistas, mas poucos pilotam com prudência. Nas estradas de curvas acentuadas, morreram oito no ano passado. Neste ano, segundo as informações locais, passaram de dez as vítimas fatais. Os acidentes acontecem principalmente no domingo, hora de voltar, devido às noites mal dormidas e ressacas das bravas. E não por falta de avisos e apelos, pois há cartazes espalhados pelas estradas pedindo cautela e cuidado aos motociclistas.   Para se ter uma idéia da festa, até as 11 horas de domingo haviam sido consumidos mais de 50.000 litros de cerveja, 50 toneladas de frango, 120 mil pães, 5.000 rolos de papel higiênico (há 60 banheiros instalados no local ). O banho é comunitário em 30 chuveiros - mas o pessoal toma pouco banho, apesar da alta temperatura do verão português, entre 34 a 40 graus. Para quem procura um encontro mais fraternal, em clima de camaradagem e topa encarar uma barraca, Faro é mais interessante que Daytona. Além da facilidade da língua e da vantagem de poder dar uma esticada em outros países da Europa – como a Espanha, ao lado, que é um paraíso para viajar de moto. João Gonçalves Filho, de Faro, Especial para Duas Rodas Agradecimentos à BMW do Brasil, À BMW da Espanha e ao Moto Clube de Faro

Península Ibérica

PENÍNSULA IBÉRICAHoje dia 26/06/99 chegou mais um grande dia, a 13000 metros de altura rumo a Lisboa. Duas Rodas confirma com a BMW da Espanha que a moto estará esperando por mim em Madrid a partir do dia 28/06/99 após as 10 hrs.Nunca fui tão britânico, as 10 hás. e um eu estava conhecendo o Sr. Pereira diretor da BMW da Espanha. A moto chega com meia hora de atraso e me pedem desculpas pelo atraso, pois mandaram colocar bolsas laterais (de couro), e um pára-brisas na mesma. A moto não tem 2000 km rodados .Me despeso do Sr Pereira e saio do Sub-solo do prédio da BMW, ainda meio tonto e meio sem jeito. A dois meses atras comprei uma BMW GS1200 para poder me preparar para rodar bem em Portugal. Não tive tempo e não consegui rodar 1000 km com a moto em dois meses. Quando comprei a GS fazia 3 anos que não andava de moto. Quando a moto saiu do prédio a ganhou as ruas de Madrid, as pernas tremeram. Ate a Concessionária Ibéria BMW são 25 km, esta concessionária aluga e viagens de moto dentro da Europa.Almoçamos com eles , arrumo a bagagem na moto, me despeço do Luiz que vai rodar a Espanha e Portugal com a namorada, vai gastar o dobro e vai se divertir a metade (este é o Luiz de Franca) (brincadeira) , nos vamos nos encontrar daqui a 21 dias no centro de Madrid as 18 horas. (e não é que certo?)Ponho a moto de volta na estrada (auto pista) e vou acompanhando o trafego na direita onde os braços duros devem pilotar para facilitar as ultrapassagens. São 16:30 do dia 29/06/99 a sensação de pilotar uma nova moto não da para descrever em 4 palavras.A sensação é como uma namorada nova, não tem livro que possa ensinar você a pilotar uma nova moto.Quando Duas Rodas me falou que a moto que a BMW havia cedido para esta viagem era uma Cruiser 1200, confesso que foi apavorante pois em segundos me passou pela mente os comentários que havia ouvido sobre a moto, "muito dura", "quebra-espinha", "não faz as curvas", "difícil de pilotar", etc. Hoje eu estou no oitavo dia de viagem, e os remédios que eu trouxe para coluna (tenho problema no nervo ciático) continuam no fundo da mala. A moto realmente não é para "Boy" e muito menos para quem tem bundinha de vidro (para não dizer "bundão").A pilotagem realmente é diferente das super esportivas, aqui quando ando nas auto pistas no meio dos Audis, porches e mercedes, o motor responde com uma força surpreendente, e é neste ponto que você sente a suspensão firme ao entrar nas curvas.Parando de 20 a 30 vezes por dia para fotografar, 8 dias de viagem, 4000 km, três anos sem andar de moto com problemas na coluna e com 52 anos de idade.A moto é realmente dura para quem tem mente mole e bolso pequeno.Quando terminei de fazer os três caminhos de Santiago de Compostela (veja Revista Duas Rodas N.º 292 ,1999 ), fui a Faro ver o maior encontro de moto do mundo feito por um grupo de motociclistas, chamado Moto Clube Faro (Veja Revista Duas Rodas N.º 290, 1999 )Em Faro e Santiago de Compostela eu gastei 6 dias, dos 21 dias em que eu passei viajando pela Península Ibérica, assim sendo passo aqui a narrar as cidades que mais me impressionaram e que eu recomendo a todos.MADRI : Uma grande capital, com muitas motocicletas, transito infernal, não tem lugar nem para estacionar motos, a Policia aceita as motos nas calçadas.A noite, no verão de Madrid é de arrebentar, há um bar ou restaurante para cada 40 habitantes, e todos eles ficam abertos ate as altas horas.LISBOA: A partir das 23:00 você não acha nem um restaurante para jantar, todos fecham neste horário. O transito é melhor que o de Madrid, só os bondes na contra mão é que assustam um pouco, mais são bonitos. Como eu pessoalmente não gosto das grandes cidades não cheguei a ficar um diaSANTUÁRIO DE LOURDES (FR) : Uma cidade aos pés dos Perigues com 18.000 habitantes, que recebem por ano mais de cinco milhões de visitantes vindos de mais de 150 países, depois de Roma é o santuário mais visitado no mundo. Lourdes é também a segunda maior cidade hoteleira da França.SANTUÁRIO DE FÁTIMA (PT):Ao contrario de Lourdes, o lugar estava vazio, cheguei a entrar com a moto no pátio da Catedral de Fátima. Dois padres na TV portuguesa estavam debatendo sobre Fátima ser mais comercial que espiritual.(coisas de padre..).TOLEDO (SP) : Esta cidade sem duvida nenhuma é a mais interessante para se olhar como era no passado, dentro das suas muralhas tinha de tudo, judeus, muçulmanos e cristãos, a cidade toda é da idade media com seus castelos e igrejas intactos, é sem duvida a cidade mais linda da Europa no que se refere a idade media. Só a catedral de Toledo de onde fui expulso por bater foto do altar(2 vezes) (sem flash) todo em ouro, fala-se em mais de 10 toneladas que veio da América do Sul, leia-se "Peru".LA MANCHA (SP) :Não tenho palavras para definir quando pus a moto ao lado dos Moinhos de Vento onde se originou Dom Quixote de La Mancha, em volta dos Moinhos estão pequenas cidades de grande valor histórico e pouco menos conhecida dos turistas.Ocanã, capital de La Mancha, onde passava a estrada que ia de Merida a Zaragoza.Yepes a 11 km de Ocanã tem igrejas do século 16.El Toboso, uma vila que ficou imortalizada por Dom Quixote ter sua amada nesta vila. Se você visitar todas as cidades com atrativos turísticos em volta de Toledo, você vai ficar na Espanha pelo menos uns 60 dias só nesta área.EVORA (PT) :Para os portugueses ela data muito antes de Portugal ser colônia de Espanha. A cidade é tombada pelo patrimônio histórico mundial.Do artesanato ate os costumes são uma rica mistura dos povos que construíram Evora. De templos Romanos ate urinas de pedras que datam de algum povo primitivo que viveu ali.BARCELONA (SP):A capital das motocicletas na Europa .Ali concentram-se o maior numero de motocicletas na Espanha por habitante. E é também o lugar onde mais se rouba motos na Europa, quanto mais ratos, mais gatos.ALBUFEIRA (PT):Muito parecida com a nossa Búzios em Cabo Frio, Rio de Janeiro, só que com águas frias e centenas de topless. A noite a cidade se transforma em uma espécie de Búzio "gigante", se falam todos os idiomas do mundo. Nos barzinhos a beira da praia o atendimento é péssimo e a cerveja (chopp) quente. Agora eu sei porque o nosso açoriano aqui em Florianópolis não atende bem o turista, está no sangueSe hoje eu fosse jovem , esta era a cidade que eu iria para ficar rico. A cidade é uma mar de dinheiro.TANGER (MA): Como me falaram muito mal de Tanger (estreito de Gibraltar), entrei em Tanger deixando toda a bagagem no hotel do lado Espanhol (Algemiras).A minha travessia e da moto custou 85 dólares ida e volta, ao descer em Tanger (a porta principal de entrada de Heroina na Europa), fiquei meio nervoso, tem muitos marroquinos em cima de você, como eu estava de moto o assedio foi pouquíssimo.Resolvo ir ate Casa Blanca rodei 200 km e a paisagem não mudou nada, cheguei em Rabat resolvi voltar pois não vi nada de interessante , como urinas, fortes Tc...A paisagem nesses 200 km era de agricultura de subsistência , com o solo árido e mal tratado pelo tempo, tirei dezenas de fotos e volto a Tanger. Para quem vinha rodando dentro da Espanha, Portugal e França, Marrocos fica sem graça. O idioma é um problema e a policia assusta um pouco.GIBRALTAR (GB): Onde foi feito o filme "Os canhões de Navarone. É uma cidade inglesa dentro da Espanha. E é também a única cidade Inglesa onde o transito não obedece as normas de transito inglesas (ainda bem).No alto de Gibraltar tem um clube de moto com alojamento para quem esta viajando, etc...Gibraltar foi uma grande base militar na 2º Guerra Mundial. Hoje vive mais de sua zona franca e irritam o governo espanhol que quer Gibraltar de volta ao domínio espanhol. O lugar é lindo.CARTAGENA (ESPANHA):Tenho que parar de ver filmes de piratas, entrei na cidade procurando navio (replicas) de piratas, depois é que fui ver que os piratas viviam ou se escondiam era em Cartagena (Colômbia), no Caribe. Mas mesmo assim a cidade tem ótimos museus, fortificações militares e belas praias. O porto é pequeno, para uma cidade que ficou famosa pelas esquadras espanholas que ali aportavam.PORTO (PORTUGAL): Pode ser a terra de um vinho famoso, infelizmente só fiquei uma tarde nesta cidade. O transito é maluco e sempre engarrafado. Fui conhecer as universidades e quase que eu fui atropelado duas vezes. Os hotéis são carissimos. A comida é ótima.ANDORRA : Um principado encravado no meio da França e Espanha, uma cidade voltada para o turismo da neve, por ser zona franca o comercio de acessório de motos é uma coisa incrível, tanto nos preços quanto nas quantidades de loja. Indo e saindo de Andorra você anda um bom trecho das estradas que circundam os Pirineus, quem gosta de "joelho no chão" é um prato cheio.ST-JEAN-PIED-DE-PORT (FR): Esta é a cidade do nosso Paulo Coelho, é aqui que começa o Caminho de Santiago de Compostela para os brasileiros, só que para mim chegar nesta cidade foi o maior sufoco sem falar francês, gasolina no fim e as 8 horas da noite o sol ainda alto nas vilas e povoados, os postos de combustível fecham as 8 horas. Achei uma pequena moto (devia ser outra CG da vida) que com muito gesto entendeu que eu não tinha mais combustível, me fez sinal para acompanha-lo e um posto foi aberto para abastecer a usina da Cruiser, outra pequena moto me salvando. Este deve ser o meu carma.FARO (PT) : Não sei como é a cidade. Sei que tem um grande aeroporto, mais moderno que o de Lisboa.Para que eu vou querer conhecer mais uma cidade se eu estou dentro do maior encontro de moto do mundo feito por um grupo de moto. Chamado Moto Clube de Faro, aos meus amigos Brasa e José Amaro, o grande presidente de um grande grupo, muito obrigado pela recepção.PALHOÇA (BR) : Uma pequena cidade onde nasci e onde morre os sonhos das viagens terminadas. A cada tempo incorporo um espirito faminto por aventura e na roda da vida o sonho de realizar mais uma viagem se transforma numa nova aventura, diz a frase do amigo José Paranhos "Ficando a sós e calando a voz".Nossos agradecimentos a BMW da Espanha, Sr. Pereira e a BMW do Brasil, José Carlos, e como sempre, a Revista Duas Rodas.GAUFIM

Mistérios do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha

REVISTA DUAS RODAS N 292 – 1999

 

            JOÃO GONÇALVES FILHO, COLABORADOR DE DUAS RODAS, CONTA COMO FOI DESCOBRIR OS MISTÉRIOS DO CAMINHO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA, NA ESPANHA, PILOTANDO UMA BMW R 1200 C. RODOU MAIS DE 2.000 KM PELAS TRÊS ROTAS MAIS CONHECIDAS. ACOMPANHE.

        Desenvolvi uma maneira original de preparar meu lanche: esquentava o pão, embalado em papel alumínio, deixando-o sobre o cilindro do motor da moto. Durante três dias, repeti esse ritual cada vez que encontrava uma sombra para fugir do sol forte, em pleno verão espanhol de 99. Os peregrinos lançavam olhares curiosos em minha direção, atraídos pela cena inusitada e pela imponente BMW R 1200 C, a "Cruiser". Muitos me saudavam com o balançar do cajado, um instrumento inseparável e tradicional para os que têm pela frente uma árdua caminhada de 813 km – para quem parte da França rumo à Espanha – no místico caminho de Santiago de Compostela.

 

          Muita gente passou por mim e era comum reencontrá-los, mais à frente, andando pelo acostamento da rodovia. Quando o caminho se transformava em pequenas trilhas, eu os "abandonava", já que nenhum veículo motorizado tem acesso à esses trechos. Seguia em frente pensando que muitas daquelas pessoas iriam caminhar acima de seu limite, levadas pela fé – algumas, chegando ao fanatismo.

        Quando vem a exaustão, contam apenas com a endorfina ( uma substância produzida pelo corpo para amenizar a dor muscular ) que os faz "conversar com Deus".

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O (Gau) João Gonçalves Filho esperava que sua viagem a Grécia fosse "um passeio no parque", mas

        PRESENTE DE GREGO O (Gáu) João Gonçalves Filho esperava que sua viagem a Grécia fosse "um passeio no parque", mas enfrentou serras, asfalto liso, curvas e abismos. Viaje com o "Gau".            O empresário João Gonçalves Filho, o "Gau", colaborador de DUAS RODAS e motociclista "juramentado", depois de muitas aventuras pelo Brasil afora, resolveu encarar um tour de Triumph pela belíssima Grécia, no melhor estilo mototurismo. Gozador, Gau menosprezou a programação do primeiro dia: cerca de 200 KM de percurso. "Essa quilometragem eu faço de costas", brincou ele. Mal sabia que enfrentaria serras, estradas com inúmeras curvas e um asfalto extremamente liso. Ao final do primeiro dia exausto, teve que aguentar a gozação do restante do grupo brasileiro que fez a viagem. Gau sentiu o que é um "presente de grego": esperava um tour tranquilo e viu-se diante de uma verdadeira aventura pelas estradas da Ilha do Peloponeso. Mas recebeu um outro presente dos deuses: a bela paisagem, que faz da Grécia um dos países mais bonitos do mundo. Acompanhe o relato de Gau. "Eu poderia escolher entre a Rota 66, a lendária auto-estrada americana, ou a Grécia, país de passado glorioso, de história densa de personagens reais e mitológicos. Era uma grande dúvida. Ainda mais porque ambos os roteiros seriam percorridos do jeito que mais gosto: de moto. Escolhi a segunda poção. Seriam sete dias rodando por estradas gregas sobre motos Triumph. Afinal, meu tour fazia parte de uma promoção conjunta da Triumph Hellas, da Grécia, e da Interport Motos, eu e um grupo de brasileiros (num total de 15 pessoas) conheceríamos boa parte do país onde viveram os filósofos com Platão, Sócrates e Aristóteles, com direito a moto Triumph de 900/1.200cc – trident, Tiger, Thophy, Speed Triple, Sprint e Adventure – equipadas com malas de tanque e/ou malas rígidas laterais. O "pacote" garantia hospedagem em hotéis quatro e cinco estrelas (com café da manhã), guia fluente em grego, seguro pessoal e da moto, veículo de apoio, substituição da motocicleta em caso de defeito, combustível e óleo. A passagem aérea seria paga por conta de cada um. De acordo com o conograma, rodaríamos cerca de 200 Km por dia. ‘Moleza’, pensei. Mal sabia que as estradas gregas têm asfalto liso demais, com curvas tão fechadas que não cabem dois carros. Pior: é tudo serra. Muitas dificuldades para um ‘braço duro’ e fisicamente mal preparado com eu...     A partida foi em Atenas, no final de abril, num domingo às 11 h da manhã. Eram quatro motos com solteiros, cinco com garupas, uma moto com a guia Marilena Digeni (que pilota muito bem) e outra com Michael StagonaKis, distribuidor Triumph na Grécia. O primeiro acidente não tardou acontecer. Guaraci Assis Filho, um capichaba gente boa, levou um "tombaço" ao retirar uma Tiger 900 cc do estacionamento. Ainda zonzo devido ao fuso horário, ele desistiu de pilotar naquele dia e foi no carro de apoio que nos seguia.           Naquele dia percorremos 170 Km . Contemplamos o Monastério de Dafni, o mais antigo monastério bizantino da Grécia e. quem sabe, do mundo. Depois, paramos para um café no bar na beira da estrada. Lá em baixo, navios enormes passavam pelo imenso e magnífico Canal de Corinto, ema atração turística. Em Nauplio foi a vez do jantar. Exausto de tantos sobe e desce, curvas e mais curvas, fui dormir enquanto o restante da turma ainda se divertia. Na segunda-feira partimos atrasados "graças" a José Henrique Neffa, Guaraci e Rui Brloti – comodormen estes capixabas! Pegamos 18 Km de estrada de terra. Ali, num determinado trecho, cruzamos com um pastor que tocava suas cabras e carneiros. A admiração foi recípocra: ele olhou extasiado para as motos e, nós, admiramos com o tamanho dos bichos. Cabras de Itu! Depois, pilotamos pela costa, onde paramos para almoçar. Cerca de 210 KM após sairmos de Nauplio, chegamos à cidad medieval de Monemvassia, onde passamos a noite.       Curvas ‘quadradas’                  O terceiro dia de estrada foi puxado: outros 210 Km. Com tantas curvas meu "braço duro" até que se soltou e minhas curvas ficaram menos ‘quadradas’. Visitamos uma vila com mais de dez mil anos, encravada nos rochedos que avançavam para o mar. Um lugar magnífico, com uma muralha com de 200metros de altura e dois quilômetros de largura. Apreciamos algumas (belíssimas!) prais gregas, escondidas entre gigantescos rochedos com 100 a 200metros de altura. Após tantas "descobertas", chegamos a Mistra, onde pernoitamos.         No quarto dia foi a vez do pessoal da organização atrasar a partida. Nada que os desabonasse, pois eles foram superprofissionais e tudo o que foi comprometido foi comprido. Conhecemos uma gruta com pontos de 20 a 30 metros de profundidade. Por dentro da caverna corria um rio navegável, onde canoas alugadas levavam seis turistas de cada vez. Nunca, nem em fotos, havia visto uma caverna com beleza tão variadas. Dormimos em Pilos, após uns 200 Km rodados. Na quinta-feira fomos conhecer as Ruínas de Apolo. Foi um dia repleto de belezas, mas também de muitas curvas sobre chão liso. ‘Minha’ Triumph Trophy 1200cc, potentíssima, parecia querer voar naquela serra. Segura como podia, mas eram muitos cavalos para uma ‘mula’ só manobrar. Resultado: cheguei com 10 minutos de atraso. Bem, às vezes chegava atrasado, mas nunca atrasava a partida. Neste dia, o José Antônio Pereira ‘comprou um terreno’ com vista para uma plantação de oliveiras. Tomou um tombo a 30Km/h mas, felizmente, não se machucou. Recuperou do susto, iniciou alguns cálculos junto com Flávio Galvão para descobrir o que ocorrera.             Segundo me explicaram, o raciocínio era mais o menos assim: ângulo x aderência x composto de borracha x suspensão x velocidade x inclinação de curva = defeito daquela ‘pecinha’ que segura o guidão. Pelos cálculos que a Universidade de Palhoça (SC), minha cidade, fez para mim, ele; ‘estolou’ igual a um avião que perde a velocidade. Conclusão final: eu não era o único ‘braço duro’no grupo. Enfim, após 170 Km rodados, paramos em Olympia onde começaram os Jogos Olímpicos. Lá dormimos. À Beira do Abismo No dia seguinte fomos para as ruínas do berço das Olimpíadas modernas – os jogos, em homenagem a Zeus, foram disputados de 776 ªC. até 339 D.C., segundo os historiadores.              Os capixabas tiraram sarro, dizendo que no Espírito Santo Existem "nomes de pedras mais bonitos". Dali, fomos visitar uma estação de esqui e, depois, rumamos para Lacordia, onde dormimos num belo hotel. Cheguei com 25 minutos de atraso. Pudera, nunca havia encarado tantas e tão difíceis curvas. Para piorar meu temor, passamos por abismos de 1.500 metros de altura, sem proteção alguma, mesmo nas curvas mais estreitas. Creio que foram os piores 120 Km sobre duas rodas de minha vida! E olha que já rodei muito...                  O sétimo dia marcava nosso retorno a Atenas. Para mim o dia anterior já poderia ter sido o último. Com certeza fora o que mais sofrera durante aqueles dias pelas estradas gregas. Os capixabas tocavam muito as motos. O Artur Alcântara da Interport Motors, era um show de pilotagem no decorrer da viagem. Os casados – que levaram suas ‘marmitinhas’ de casa – também se saíram muito bem.         Outros não conseguiram disfarçar que eram ‘braços duros’ (será que eu consegui?). pode até parecer até uma heresia, mas cheguei a sentir saudades das brasileira BR-116 e BR-101. Zeus que me perdoe... FIM  

Mulas de Aço

REVISTA DUAS RODAS N 196 - DEZEMBRO – 1991   MULAS DE AÇO Veja que incrível: motos de 125cc chegam a transportar até mais de 500 kg de carga na fronteira entre o Brasil e o Uruguai                  É ponto de honra para eles. A frase "não deu para levar na moto" não existe. São cerca de 60 motociclistas que levam diariamente mercadorias entre as cidades de Aceguá (RS), no Brasil, e Aceguá, no Uruguai – isso mesmo, elas têm o mesmo nome e ficam bem na fronteira entre os dois países. As mercadorias saem do Brasil, vindas geralmente de Bagé (a 70 km da fronteira) e são levadas, na sua maior parte, para Melo, no Uruguai (67 km da fronteira). Tudo pode ser transportado, desde óleo diesel, gasolina, bujões de gás, açúcar, Coca – Cola, geladeiras, móveis... enfim, qualquer coisa. É um "comércio informal" sem pagamentos de impostos na fronteira, já que os preços no Brasil são bem mais baixos (até três vezes menos, como no caso da gasolina).               Entre os motociclistas que fazem o serviço, 95% são uruguaios e 90% das motos são Honda CG 125 brasileiras adaptadas a quadros de outras pequenas motos. O melhor dos "Panchos" (vamos chamá-los assim) tem fama de carregar 12 bujões de gás em uma CG. Outro é capaz de levar 400 litros de óleo diesel. Mas a maioria opta pela variedade: galão de 30 litros de gasolina à frente da moto; comida, como 10 dúzias de ovos, açúcar, arroz, 20 kg de cebolas no "bagageiro", 6 galões de 50 litros de óleo diesel na "garupa", 4 bujões de gás (dois de cada lado para baixar o centro de gravidade), entre outras coisas.                 O caminho que seguem sempre significa um trecho de 40 km de asfalto, onde as motos rodam em terceira marcha, acelerador todo aberto e velocidade máxima em torno dos 50 km por hora ( pois o peso é simplesmente absurdo ) com algumas chegando a mais de 500 kg, contando com o "Pancho" como piloto. Mas há também um trecho de cerca de 12 km por trilhas de terra. Aí fica valendo a história do elefante: "se deitar, não levanta". Só com ajuda de , no mínimo, três motociclistas.         Conforto é uma palavra que eles desconhecem. Como todo espaço deve ser usado para carga, sobra apenas um pequeno local onde antes havia o tanque de combustível ( veja no box a "transformação" da moto ), onde um "Pancho" se acomoda. Os ganhos também não chegam a ser expressivos, cerca de Cr$ 5 mil por viagem. Para melhorar o "caixa", cada "Pancho" chega a fazer três viagens por dia.             Os "motoboys" que fazem entregas nas grandes cidades brasileiras, e que são considerados "loucos" por muita gente, comparados com os "Panchos", levam uma vida tranquila. Mas os "Panchos, por sua vez, também são considerados privilegiados. Fazendo o mesmo serviço na fronteira há também os bicicleteiros, que chegam a levar 4 bujões de gás e pedalam até 50 km por dia e ainda ganham menos: cerca de Cr$ 4 mil por viagem.           João Gonçalves Filho, Especial para Duas Rodas. Desafio ao Bom Senso         Se um engenheiro projetista de motos visse um dos "modelos" usados pelos "Panchos", ficaria de cabelos em pé. Conforto e estabilidade são secundários, sem dizer em questão de segurança, já que muitos chegam a viajar à noite, sem farol ou qualquer sinalização. Mas os acidentes, segundo os próprios Panchos, são mínimos, e a maioria acontece nas trilhas de terra, caminho que fazem para desviar da aduana uruguaia – onde teriam que pagar impostos pelos produtos.         A primeira parte da "transformação" da moto é cortar o tanque de combustível ao meio e soldá-lo, com o Pancho sentando onde seria a outra metade – para aumentar a estabilidade da roda dianteira, segundo eles. Com isso, a garupa fica com um espaço maior. O tanque passa a ter a capacidade de 5 litros, o que só dá para uma viagem de ida e volta, sem reabastecimento.         O guidão também é modificado para, na sua parte superior, ser colocado um galão de 30 litros de gasolina. Na garupa são adaptados estrados (ou suportes) de madeira que levam dois bujões em cada lado. Para suportar o peso, a moto conta com quatro amortecedores ( dois de cada lado ).         Chamadas de "mulas de aço" pelos próprios Panchos, as motos representam o ganha – pão de dezenas de pessoas nessa região pobre. A luta pela subsistência os faz superar os limites do bom senso. J.G.F. FIM 

Um Sonho Realizado

REVISTA DUAS RODAS N 156 – JUNHO – 1988   UM SONHO REALIZADO Chegar a Ushuaia, no extremo Sul do continente americano, era o grande sonho de João Gonçalves Filho, que conseguiu realizá-lo numa aventura de 12 mil km.         É meio dia. Não fico para o almoço. A Patagônia está me esperando. Beijo meu harém (quatro filhas, a esposa, a sogra, duas cachorras e uma arara ) e ligo a Honda CBX 750F, que ronca alto. Saio cantando pneu em direção à um sonho que pretendia realizar há muito tempo: conhecer Ushuaia, o ponto mais austral do planeta, no extremo Sul da Argentina.              Não consegui nenhum companheiro para esta aventura e como não queria adiar mais, resolvi encarar a estrada sozinho. Isso transformou minha aventura num teste de resistência, tipo um rali, onde eu queria tentar avaliar minhas condições físicas, pensando na própria aventura, até a Rússia. Desta forma, rodei até mais de 1.000 km num único dia. Apenas como termos comparativos, na minha aventura anterior ( Duas Rodas n º 150 ) para o Norte do País, rodei 11 mil km em 45 dias. Nesta aventura até Ushuaia eu percorri 12.000 km em 25 dias.            Logo no primeiro dia de viagem pude percorrer 980 km, saindo de Florianópolis, SC, até Chuí, RS, na fronteira com o Uruguai. Neste país a estrada é boa e a gasolina é melhor ainda. Preciso apenas tomar o cuidado com o trânsito em Montevideo, porque a idade média dos carros é de 20 anos.         PERIGO EM BUENOS AIRES         Chego a Buenos Aires, capital da Argentina, num clima de medo. Logo de cara alguns motociclistas me alertam que Buenos Aires é recordista em roubos de motos na América Latina. Outros exageram ao dizer que é a cidade onde mais se rouba no mundo. Segundo os latinos, cada moto grande de Buenos Aires já foi roubada pelo menos uma vez. Ao menos resta o consolo de que as motos são encontradas.         Por esse motivo, saio de Buenos Aires o mais rápido possível. Nas estradas asfaltadas, retas e planas, rodo a 160 ou 170 km/h e descubro que a autonomia desta moto é péssima. Nesta velocidade, o consumo fica por volta de 7 km/litro ! Precisava abastecer a cada 160 km.                Depois da província de Rio Gajego a estrada vira um inferno. O piso é de "aripio" (pedras soltas ) e a moto dança com os ventos laterais acima de 50 km/h. Sou obrigado a rodar a 40 km/h. Fico com vontade de jogar toda a bagagem fora para aliviar o peso. Rodei 18 horas direto em baixa velocidade. Lembro da minha aventura de Harley Davidson 1.200cc através da Amazônia ( Duas Rodas n º 16 ). A temperatura cai bastante e não há roupa que cheque para me esquentar. A única coisa que me mantém na estrada é a vontade de realizar este velho sonho.         Volto para as estradas de "aripio". A vibração é demais para a CBX 750F e as porcas começam a "abandonar o navio".            Várias peças se soltam e os dois faróis auxiliares se quebram. Graças à um conselho, resolvi instalar uma tela protetora no farol principal. Todos os carros que trafegam por esta estrada utilizam grades nos faróis e no pára – brisa por causa das pedras atiradas por outros veículos.           ENFIM, USHUAIA.         Depois de 270 km nestas estradas de "aripio", finalmente chego a Ushuaia. Meu corpo está molhado, frio, dolorido e sinto como se os ossos estivessem desconjuntados. Logo na estrada encontro um argentino viajando numa Honda XL 500, que irá me acompanhar por algum tempo. No hotel, caio na cama e durmo 14 horas.       Acordo com os braços doloridos por causa da estrada. Resolvi tirar o dia para passear. Esta viagem solitária acabou com todo o prazer de passear, conhecer pessoas. Eu sentava na moto e rodava, rodava, só parando para abastecer o tanque e o estômago. Agora, em Ushuaia, preferi dar uma volta no barco catamarã ( com dois cascos ) pelas ilhas e baías da Terra do Fogo no Canal de Beagle. Nunca vi tantos pingüins e leões marinhos. Dentro do barco realizai uma façanha inédita: tomei uma Brahma na Antártida. Ou seja, consegui uma garrafa de cerveja Brahma brasileira ( a cerveja deles é horrível ).                 No dia seguinte amanheceu chovendo. Meu amigo da XL 500 disse que não dava para viajar com a estrada cheia de lama.         Fico pensando: acabei de realizar um velho sonho e os sonhos realizados perdem o sabor. Então para quê ficar aqui? Resolvo ir embora, com chuva mesmo, e sozinho.         Para "sentir" a estrada, fui até um povoado chamado Lapataia, a 19 km ao sul de Ushuaia, ou seja, é o último resquício de civilização antes de acabar o mundo.                  Na volta, a estrada vai ficando cada vez pior. Fico preocupado com a resistência da suspensão traseira Pró – Link da CBX 750F, mas não aconteceu nenhum problema...         Atravesso o Estreito de Magalhães e... viva ! Asfalto novamente.           Seguimos em direção a Calafati, onde existe um lago com imensas formações de gelo, com até 60 metros de altura. No caminho encontrei dois japoneses em duas Honda XLV 600 Transalp, acompanhados por três carros e uma equipe de cinegrafistas. Conversei um pouco e descobri que eles tinham saído do Alaska, no extremo Norte do planeta, para chegar até Ushuaia, no extremo Sul, cortando as três Américas. Achei covardia tanto apoio, e eles nem sequer levavam bagagem nas motos. Fácil demais para meu gosto. (N. do E.: durante a visita de Duas Rodas ao Japão, nosso diretor – editorial e redator – chefe, Josias Silveira e Roberto Araújo, assistiram a uma parte desse documentário na TV japonesa ).           Os parques nacionais na Argentina são ótimas opções para acampar. Aliás, saindo de Buenos Aires, qualquer lugar na Argentina é seguro. Pode-se até deixar a chave no contato da moto que não acontece nada.         Ainda na Argentina as estradas de asfalto são retas intermináveis. Minha disposição é bater meu próprio recorde de quilometragem diária e rodo acima de 170 km/h, para estabelecer uma marca acima de 1.200 km num dia. Mas o pneu traseiro já está no "osso" e, por motivos de segurança, diminuo o ritmo. Rodei "apenas" 1.058 km.         Quando chego novamente a Buenos Aires, procuro algum lugar para comprar um pneu traseiro, mas os preços são absurdos: 100 dólares pelo pneu uruguaio e 240 dólares por um Michelin francês. Preferi arriscar e rodar com um pneu careca até a fronteira do Brasil, onde telefonei para minha esposa e ela ficou de enviar um pneu novo pelo correio para a cidade de Santo Ângelo, RS. Fui até lá rodando bem devagar porque o pneu já mostrava a lona. Acho que ele só ficava cheio porque já estava de saco cheio de tanto viajar...          Depois de desmontar o pneu novo, abri o gás novamente. Agora falta pouco para chegar em casa e saborear aquele autêntico churrasco de recepção com os amigos. Sou recebido ainda na estrada pelo Afonso, um amigo que veio me recepcionar na entrada da cidade. O churrasco foi pela madrugada adentro e quando todos foram embora, comecei a pensar na próxima aventura: atravessar toda Europa, até a Rússia. Só falta conseguir companhia.         Alguém está a fim? João Gonçalves Filho, o Gaúcho. FIM  

A Primeira Moto na Transamazônica - GAU

Título: A Primeira Moto na Transamazônica
Revista: Duas Rodas
Ano: 1976
País: Brasil
Região: Amazônia
Cidade: Manaus

 

 

 

 

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Manaus a Porto Alegre-1976 - GAU

Título: Manaus a Porto Alegre
Revista: Duas Rodas
Ano: 1976
País: Brasil
Cidade: Manaus

 

 

 

 

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Cron Job Iniciado